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Nuclear

Jornal aponta dois compromissos que podem sair da cúpula entre Trump e Kim em Hanói

A imprensa francesa destaca nesta quarta-feira (27) o segundo encontro de cúpula entre Kim Jong-Un e Donald Trump, desta vez no Vietnã. O retorno das conversas entre os dois líderes – "extravagantes" e "narcisistas", como descrevem algumas publicações – deve gerar mais ganhos de política interna do que avanços espetaculares no desarmamento.

U.S. President Donald Trump and North Korean leader Kim Jong Un shake hands before their one-on-one chat during the second U.S.-North Korea summit at the Metropole Hotel in Hanoi, Vietnam February 27, 2019.
U.S. President Donald Trump and North Korean leader Kim Jong Un shake hands before their one-on-one chat during the second U.S.-North Korea summit at the Metropole Hotel in Hanoi, Vietnam February 27, 2019. REUTERS/Leah Millis
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O diário Les Echos diz que Trump e Kim negociam um acordo "mínimo", provavelmente de pequeno impacto sobre a desnuclearização da península coreana. Desde a cúpula de Singapura, há oito meses, os dois governos tiveram dificuldades em definir os termos de um acordo global que organizaria o desarmamento nuclear da Coreia do Norte. Os pontos espinhosos foram evitados. Por isso, os compromissos que Pyongyang e Washington vierem a assumir em Hanói serão apresentados como "grandes vitórias", destaca o jornal.

Les Echos acredita que Trump tentará obter de Kim alguma forma de inspeção estrangeira em uma parte das instalações nucleares norte-coreanas. Em troca, a Casa Branca poderia abrandar levemente as sanções econômicas que estrangulam a economia do país comunista.

A Coreia do Sul, que deseja consolidar a distensão na península, poderia, por exemplo, obter a autorização de Washington para tocar alguns projetos econômicos com o Norte. Esse compromisso nem precisaria passar por mudanças nas sanções em vigor adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU, e já daria um certo alívio ao regime de Pyongyang.

Les Echos evoca dois projetos factíveis: a reabertura do parque industrial intercoreano de Kaesong e o lançamento de uma ligação ferroviária norte-sul, para reativar o turismo na montanha de Kumgang.

A análise do Le Figaro vai na mesma direção. Trump e Kim têm interesse na continuidade do processo diplomático por razões distintas de política interna e irão evitar os pontos sensíveis nas conversas em Hanói.

O republicano acaba de sofrer um revés na questão do muro de separação com o México e precisa de um novo impulso para reconquistar seu eleitorado. Kim, por sua vez, sabe que o momento é favorável para continuar restaurando a imagem de líder frequentável na comunidade internacional. Nenhum dos dois quer voltar para casa de mãos vazias.

Vietnã aumenta visibilidade e autonomia sem ameaçar a China

O jornal conservador ainda aborda a posição do Vietnã na cúpula. Nos cartazes espalhados pela cidade, onde se lê "Hanói, cidade pela paz", a capital vietnamita exibe uma bela revanche sobre os americanos. Se de um lado os vietnamitas impuseram um fracasso histórico aos EUA, a capital ficou marcada como palco de guerra.

O novo dragão do sudeste asiático, escreve Le Figaro, exibe uma das economias mais dinâmicas do mundo, com um crescimento de 7% em 2018, e deve se beneficiar do encontro entre Trump e Kim para conquistar dividendos diplomáticos. Entre seus objetivos, o país quer uma cadeira de membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU no biênio 2020-21 e ampliar sua autonomia pela diversificação de parceiros, sem entrar em conflito com a China.

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