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Linha Direta

Resultado de nova cúpula entre Trump e Kim Jong-un é imprevisível

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O primeiro dia da cúpula entre o presidente americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un acontece nesta quarta-feira (27) em Hanói, no Vietnã. Oito meses depois do primeiro encontro entre os dois em Singapura, a nova cúpula reacende o debate sobre a desnuclearização da Península Coreana, mas o resultado do encontro de Hanói é imprevisível.

Chaveiros representando o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente americano, Donald Trump, que se reúnem a partir desta quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019, em Hanói, no Vietnã.
Chaveiros representando o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente americano, Donald Trump, que se reúnem a partir desta quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019, em Hanói, no Vietnã. Reuters/Jorge Silva
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Luiza Duarte, correspondente da RFI na China

Nessa nova fase das relações, a retórica de ataques foi suavizada e os testes balísticos e nucleares estão em pausa. Desde o primeiro encontro entre Kim e Trump em Singapura em junho do ano passado, os últimos meses foram pontuados por trocas de cartas privadas e declarações amigáveis. O novo tom adotado pelo regime e pela administração americana sugere que a Coreia do Norte deixou de ser vista como uma iminente “ameaça nuclear”, embora não tenham acontecido grandes mudanças na capacidade militar do regime.

Fortes sanções econômicas seguem em vigor. Kim vem mostrando interesse em modernizar a economia. O Vietnã está sendo apresentado como um modelo mais próximo e - de dimensão mais equivalente à realidade norte-coreana do que a China - para a desejada abertura econômica sem mudança no sistema político. Essa narrativa foi reforçada por Trump, que falou em Hanói do “grande potencial” para negócios e entrada de capital estrangeiro, se Pyongyang decidir se desnuclearizar.

Agenda diplomática intensa

A região vive um momento de intensa atividade diplomática. Kim agora circula e distribui apertos de mão. Até março do ano passado, ele nunca tinha saído da Coreia do Norte como líder do país em viagem oficial. De lá pra cá já, visitou a China quatro vezes, Singapura, pisou para a foto no lado sul da zona desmilitarizada que divide as Coreias e está agora no Vietnã.

A realização de uma nova cúpula recebeu a benção tanto da China, quanto da Coreia do Sul. No entanto, a grande preocupação para sul-coreanos e japoneses é que um acordo entre Coreia do Norte e Estados Unidos possa enfraquecer a aliança desses países asiáticos com a Casa Branca.

Expectativas

Não é possível prever o que deve sair desse encontro, mas em Hanói será preciso ir além do vago compromisso assinado em Singapura para que a cúpula seja considerada produtiva. Trump reforçou essa semana que a retirada de tropas americanas da Coreia do Sul não está na mesa. Porém, o presidente americano também já declarou mais de uma vez que a presença americana na Península Coreana é pesa nos cofres públicos. Depois da cúpula de Singapura anunciou – para a surpresa da Casa Azul – o congelamento de exercícios militares conjuntos com Seul.

Com a suspenção dos testes de armamentos, o desmantelando de um local de testes e de partes de uma instalação nuclear, a Coreia do Norte acredita que fez sua parte no trato e agora espera Washington tomar “medidas correspondentes” para dar novos passos. O regime diz que está disposto a seguir adiante rumo à desnuclearização e ofereceu desativar o complexo nuclear de Yongbyon, condicionado a um gesto americano, como o alívio nas sanções ou a redução da presença militar na Ásia.

Novas concessões?

Em um novo acordo, pode ficar decidido que Pyongyang abandone apenas o programa de mísseis de longo alcance, tirando cidades americanas de risco, mas deixando Tóquio e Seul expostas. Outra possibilidade é que Trump e Kim assinem uma declaração colocando fim à Guerra das Coreias (1950-1953). Decisão que tem o apoio da Coreia do Sul e que pode ser vista pelo regime norte-coreano como uma garantia de segurança.

Um fim formal do conflito justificaria um posterior corte no número de tropas e equipamentos militares americanos na Coreia do Sul, algo intensamente desejado pela China e pela Coreia do Norte, mas que pode ser apresentado por Trump em casa não como uma concessão, mas como uma bem-vinda redução de despesas no exterior.

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