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Rival de Bouteflika é preso na Suíça enquanto protestos continuam na Argélia

O empresário argelino Rachid Nekkaz, que tentou se candidatar à eleição presidencial na Argélia, foi detido nesta sexta-feira (8) por “violação de domicílio”, após ter invadido o hospital onde o presidente Abdelaziz Bouteflika está internado. Enquanto isso, milhares de pessoas invadiram as ruas do centro de Argel para protestar contra a intenção do chefe de Estado de disputar um quinto mandato. Os protestos coincidem com a celebração do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e muitas delas participam das marchas.

Manifestation à Alger contre un cinquième mandat présidentiel d'Abdelaziz Bouteflika, le 8 mars.
Manifestation à Alger contre un cinquième mandat présidentiel d'Abdelaziz Bouteflika, le 8 mars. RYAD KRAMDI / AFP
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Rachid Nekkaz permanecerá detido até o sábado (9) de manhã, quando comparecerá diante de um procurador. O empresário de 47 anos, nascido na França, organizou pela manhã uma manifestação com dezenas de apoiadores diante do Hospital Universitário de Genebra.

“Decidi vir a Genebra, diante do hospital onde supostamente está internado o candidato Abdelaziz Bouteflika, enquanto o mundo todo sabe que ele não pertence mais a este mundo”, declarou Nekkaz. “Há 40 milhões de argelianos que querem saber onde está o presidente. O povo não aguenta mais ser manipulado por um poder mafioso que instrumentaliza o nome do presidente, sua imagem, para manter seus privilégios.”

Manifestações na Argélia

Nesta sexta-feira, os motoristas fizeram um "buzinaço" e vários habitantes colocaram a bandeira nacional na janela de sua residência na Argélia. Diversos carros da polícia foram mobilizados por toda a cidade de Argel. As principais praças e ruas do centro da capital foram invadidas pelos manifestantes. A polícia fez uso de algumas granadas e gás lacrimogêneo, mas de maneira global a mobilização ocorreu sem conflitos. 

As manifestações anteriores, com exceção de algumas perturbações isoladas na capital, foram pacíficas e sem incidentes. Nas redes sociais, a hashtag "#Mouvement_du_8_Mars" (#movimento de 8 de março) se espalhou nos últimos dias, convocando a população nas principais cidades da Argélia.

Bouteflika alertou na quinta-feira (7) sobre a possibilidade de ocorrer um "caos" no país no meio de tantas manifestações, por meio de um comunicado. O presidente de 82 anos está em uma cadeira de rodas desde que sofreu um AVC em 2013 e raramente aparece em público.

Em sua nota, Bouteflika comemorou o fato de o "pluralismo democrático ser uma realidade no país", mas emitiu um alerta sobre "infiltrações" nos protestos e em função disso pediu cautela. Bouteflika não fez qualquer menção de sua própria candidatura como um gatilho para os protestos, mas em vez disso fez uma referência sinistra à necessidade de evitar o retorno à "tragédia nacional", referindo-se à sangrenta guerra civil que se arrastou por 10 anos.

A advertência de Bouteflika foi feita no mesmo dia em que milhares de advogados tomaram as ruas da capital, para protestar contra a nova candidatura nas eleições de 18 de abril por causa do delicado estado de saúde do presidente. Apesar de manifestações terem sido proibidas na capital desde 2001, quase todos os dias há protestos em Argel desde 22 de fevereiro.

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