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Justiça/Genocídio

Após “Carniceiro dos Bálcãs”, ex-líder sérvio é condenado à prisão perpétua por crimes de guerra na Bósnia

A Justiça internacional condenou, nesta quarta-feira (20), em segunda instância, o ex-líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, à prisão perpétua pela "magnitude e crueldade sistemática" de seus crimes de guerra e contra a humanidade durante o conflito na Bósnia (1992-1995), endurecendo assim sua pena inicial de 40 anos de prisão.

O ex-líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic.
O ex-líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic. REUTERS/Michael Kooren
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Karadzic, de 73 anos, foi julgado em segunda instância por seu papel no cerco de Sarajevo e o massacre de Srebrenica em 1995, o pior cometido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Ele também foi acusado de deslocar populações com critérios étnicos em várias cidades do país.

“Os juízes em Haia impõem a sentença de prisão perpétua" contra Karadzic, declarou o presidente da corte”, o juiz Vagn Joensen. O ex-chefe político dos sérvios-bósnios foi sentenciado em primeira instância em 2016 a 40 anos de prisão. O veredicto desta quarta foi pronunciado pelo Mecanismo para os Tribunais Penais Internacionais (MTPI), que assumiu o papel do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPIY) após o seu encerramento em 2017.

O tribunal internacional rejeitou o recurso interposto pelo acusado e condenou Karadzic à perpetuidade, que escutou, impassível, a leitura de sua sentença. "Este é um veredicto histórico para a Justiça. Se Karadzic não receber o que merece, isso significa que não há justiça neste mundo e que é possível cometer crimes sem arriscar sanções", afirmou, antes da sentença, Munira Subasic, presidente da associação As Mães de Srebrenica, que perdeu o marido e o filho de 16 anos.

A decisão da Justiça internacional sobre a sorte de Karadzic, é uma das últimas que marcam a desintegração conflituosa da antiga Iugoslávia após a queda do comunismo, em 1991.

"Perseguição, assassinato, estupro, tratamento desumano”

Karadzic, ex-presidente da entidade representativa dos sérvios da Bósnia, a Republika Srpska, foi condenado por perseguição, assassinato, estupro, tratamento desumano e transferências forçadas durante o cerco de quase quatro anos da capital bósnia, Sarajevo, em que 10.000 pessoas morreram.

Ao todo, cerca de 100.000 pessoas morreram e 2,2 milhões ficaram desabrigadas durante os combates que foram travados na Bósnia entre 1992 e 1995, opondo bósnios muçulmanos, sérvios ortodoxos e croatas católicos. Após a morte do ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic, em 2006, Karadzic é considerado o maior responsável pela guerra na Bósnia.

Em 2017, o TPIY condenou à prisão perpétua por acusações semelhantes aquele que é chamado de “alterego militar” de Karadzic, o general Ratko Mladic. O ex-comandante do exército dos sérvios da Bósnia, apelidado de "Carniceiro dos Balcãs", também apelou da sentença. Karadzic foi condenado por 10 acusações, incluindo genocídio em Srebrenica, em que quase 8.000 homens e meninos muçulmanos foram mortos. Sobreviventes do massacre pediram à Justiça internacional que condenasse Karadzic à prisão perpétua.

Sérvia nega crimes

Belgrado pode rejeitar o veredito, segundo Izabela Kisic, diretora executiva do Comitê de Helsinque para os direitos humanos na Sérvia. "Há muito tempo, a Sérvia nega os crimes de guerra e sua visão sobre a guerra na Bósnia não mudou", disse Kisic, estimando que a situação inclusive "piorou consideravelmente".

Na Bósnia, o governo da Republika Srpska anulou no ano passado um relatório de 2004 sobre os assassinatos e montou uma nova comissão para investigar esses crimes.

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