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Linha Direta

Sob pressão de Trump, Otan celebra 70 anos com sérias divisões internas

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O primeiro dia de comemorações pelo aniversário de 70 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN, nesta quarta-feira (3), foi marcado pelas críticas dos Estados Unidos ao baixo investimento da Alemanha em recursos militares.   

Ministros das Relações Exteriores da Otan durante aniversário comemorando 70 anos da OTAN em Washington. 03/04/19
Ministros das Relações Exteriores da Otan durante aniversário comemorando 70 anos da OTAN em Washington. 03/04/19 REUTERS/Joshua Roberts
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 Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

Em seu discurso, o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, pediu a "preservação da unidade" dos 29 Estados-membros e a garantia de que a Otan não busca uma "nova Guerra Fria". O tom discreto da celebração dos 70 anos da Otan, apenas com a presença dos chanceleres de seus 29 países, e sem a presença de chefes de Estado e governo, é um retrato do dilema existencial que a aliança militar enfrenta atualmente. Seu maior crítico, o presidente americano, Donald Trump, é o anfitrião da festa. A  celebração em Washington, aliás, está sendo considerada bastante modesta.

Há vinte anos, durante a comemoração de seu cinquentenário, a Otan estava em plena guerra na ex-Iugoslávia. Apesar da falta de unanimidade sobre o envio de suas tropas terrestres para o conflito, Washington celebrou a data com ares de vitória, mesmo tendo liderado uma operação militar polêmica. Esta semana, o aniversário de setenta anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte está sendo marcado pelas disputas internas e pressão do governo de Trump para que os aliados aumentem ainda mais suas contribuições com os gastos de defesa da aliança.

Além disso, o comportamento agressivo da Rússia com os vizinhos Ucrânia e Geórgia preocupa a Otan. Velhos medos vieram novamente à tona, principalmente nos ex-países do Leste Europeu, quando a Rússia anexou a Criméia, em 2014. É, de certa forma, uma volta às origens, cuja apreensão não é mais a ameaça soviética, mas os interesses russos.

Volta às origens

A Otan foi fundada em 1949, no começo da Guerra Fria, com o objetivo de defender a Europa Ocidental de um possível ataque da União Soviética e seus países-vizinhos. Quando foi criada, 12 países da Europa e América do Norte integravam a aliança. Hoje, são 29. Na época, o intuito da Otan era "manter os americanos dentro, os alemães embaixo e os russos fora", como afirmou o primeiro-secretário da organização, Hasting Ismay. Para se proteger da ameaça do expansionismo soviético, criou-se o princípio de defesa mútua, que é o compromisso de defender uns aos outros em caso de ataque.

Relação Trump com a Otan é conturbada

Desde que a Otan foi criada, os EUA têm sido os maiores contribuintes em dinheiro, soldados e equipamentos. Com a chegada do presidente americano, Donald Trump, o compromisso de Washington perdeu a estabilidade. Antes de assumir a Casa Branca, Trump foi um crítico feroz da estrutura da aliança militar, chegando a afirmar que a Otan era obsoleta. Ele sempre questionou a importância da organização e a obrigação da defesa mútua. Sob a ótica de Trump, o financiamento da Otan sempre foi o grande problema.

Depois de ameaçar retirar os EUA da aliança, os países membros reafirmaram o compromisso de destinar, até 2024, pelo menos 2% do PIB para gastos militares. Apesar de criticar a Alemanha, que é a segunda maior contribuinte financeira da aliança, o presidente americano comemorou ontem em Washington o “enorme progresso” nos gastos dos 28 países, que deve chegar a US$ 100 bihões até final de 2020. Trump afirmou que a Otan é mais forte desde que ele assumiu o poder.

Promessa feita ao Brasil fica fora da agenda

Durante a reunião entre Trump e o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, na Casa Branca, não houve nenhuma menção sobre o Brasil. A promessa feita pelo presidente dos EUA de incluir o Brasil como aliado estratégico da Otan nem ao menos constou na agenda do encontro. Não são apenas os EUA que decidem sobre o processo de adesão na aliança militar, a indicação de um novo membro precisa ser aprovada por todos os países da organização. 

A Colômbia foi o primeiro país da América Latina a concluir um acordo com a aliança atlântica. Apesar do status de “parceiro global”, a cooperação com Bogotá, na época, preocupou vários governos vizinhos que viram a iniciativa como uma provável futura interferência dos Estados Unidos nas questões sul-americanas. A parceria, assinada no ano passado, não prevê nenhuma participação colombiana nas operações militares da Otan, nem o comprometimento com a cláusula de defesa mútua. Além da Colômbia, outros parceiros globais da organização são o Afeganistão, Austrália, Iraque, Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Paquistão e Mongólia

 

 

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