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Tailândia

Novo rei da Tailândia é coroado e tem desafio de unir país polarizado após eleições

Com uma grandiosa cerimônia, Maha Vajiralongkorn foi coroado neste sábado (4) e se tornou o novo rei da Tailândia. O monarca tem o objetivo de encarnar a unidade em um reino dividido, que ainda espera o resultado das eleições legislativas de março. 

Maha Vajiralongkorn é conhecido como Rama X, da dinastia Chakri, que reina na Tailândia desde 1782.
Maha Vajiralongkorn é conhecido como Rama X, da dinastia Chakri, que reina na Tailândia desde 1782. Reuters
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Em parte ofuscada pela abdicação do imperador do Japão, a coroação do rei tailandês teve início às 10h09 (0h09 em Brasília), horário escolhido em função do alinhamento dos astros por ser promissor ao reinado.

Vajiralongkorn, de 66 anos, é conhecido por ser imprevisível e ter uma personalidade excêntrica. Também chamado de Rama X, integra a dinastia Chakri, que reina na Tailândia desde 1782. Para religiosos locais, a coroação do rei também representa a transformação do monarca em uma figura divina. Seu grande desafio será o de unir uma Tailândia que registrou nada menos que 12 golpes de Estado desde 1932 e que é palco de uma forte polarização desde as eleições legislativas de março.

Na cerimônia deste sábado Vajiralongkorn se apresentou vestindo uma bata branca. O monarca se banhou com água sagrada vinda de diversos pontos do país, em meio à uma salva de artilharia e cantos budistas.

Depois, Rama X recebeu a Grande Coroa da Vitória, de 7,3 quilos e com um enorme diamante originário da Índia. Em seu pronunciamento, prometeu reinar "com justiça, para a felicidade do povo". 

Por fim, Vajiralongkorn apresentou a nova rainha, Suthida, uma ex-comissária de bordo com quem se casou no último 1° de maio. A cerimônia, que misturou ritos budistas e hindus durou cerca de uma hora e meia.

Membros da família real tailandesa, além de diversas autoridades religiosas e políticas, como o general Prayut Chan-o-Cha, que lidera a junta militar que governa o país, marcaram presença. Nenhum representante estrangeiro foi convidado para a coroação, "como manda a tradição", justificou o Ministério das Relações Exteriores da Tailândia.  

Três dias de coroação

No total, a coroação de Rama X tem a duração de três dias. No domingo (5) será organizado um grande desfile com militares em uniformes tradicionais, durante o qual o monarca será transportado em uma liteira dourada, carregada nos ombros por soldados.

Na segunda-feira (6) o novo rei aparecerá em uma das varandas do Grande Palácio de Bangcoc. Também receberá diplomatas estrangeiros em audiência.

A cerimônia ancestral de três dias é inédita no país em quase sete décadas. A última vez ocorreu em 1950, com a coroação do rei Bhumibol Adulyadej.

A morte do monarca, em 2016, conduziu seu filho, Maha Vajiralongkorn, ao trono, mas a coroação em si demorou quase três anos, em um país onde o calendário real segue um ritmo próprio.

Retratos do rei

Os tailandeses se preparam para o evento especial há várias semanas. Retratos gigantescos dos rei foram instalados nas ruas da capital.

"As imagens do rei são um pilar espiritual para os tailandeses. É como se estivesse ao nosso lado o tempo, para nos proteger", disse Chanan Wangthamrongwit, vendedor de fotos do monarca.

Grande parte dos tailandeses tem em suas casas um retrato do rei, diante do qual devem se ajoelhar. O falecido Bhumibol Adulyadej implementou um eficiente culto à personalidade e sua foto está presente na maioria dos lares do país.

A popularidade de seu filho, no entanto, é difícil de avaliar, já que a discussão pública sobre a realeza continua um tabu no país. Nos três anos desde a morte de seu pai, Maha Vajiralongkorn demonstrou grande habilidade tática e - assim como o pai - desempenha um papel influente além da condição de monarca.

Nas recentes eleições legislativas, o rei atuou diretamente em duas ocasiões. Primeiro ele impediu o desejo de sua irmã de ser candidata ao cargo de primeira-ministra por um partido de oposição e depois enviou uma mensagem de apoio aos militares.

Militares em defesa da monarquia

Os generais protagonizaram um golpe de Estado em 2014 alegando que atuavam em defesa da monarquia. A ideia foi defendida pelo partido de apoio à junta militar nas eleições de 24 de março.

Desesperada pela ausência de resultados definitivos, a oposição tailandesa formou uma coalizão contra os militares. A oposição reivindica a vitória nas legislativas, mas os generais, fortalecidos pelo apoio recebido do palácio real, não mostram sinais de que estão dispostos a ceder o poder.

No domingo, o comandante da junta, general Prayut Chan-O-Cha, e o comandante do exército, general Apirat Kongsompong, marcharão diante da liteira real, em uma mensagem simbólica ao país. Os militares destinaram mais de € 26 milhões para a cerimônia.

(Com informações da AFP)
 

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