Ofensiva militar contra manifestantes deixa pelo menos 13 mortos no Sudão
Os militares que governam o Sudão dispersaram à força, nesta segunda-feira (3), o acampamento popular que havia sido montado há várias semanas diante do quartel-general em Cartum. A operação deixou pelo menos 13 mortos, segundo o Comitê Central de Médicos Sudaneses.
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De acordo com o Comitê, há também muitos feridos. Em um comunicado no Facebook, os médicos pediram “apoio urgente” ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha e outras organizações humanitárias.
Os Estados Unidos e Reino Unido pediram o fim da repressão aos manifestantes, que primeiro exigiram a queda de Omar al-Bashir e agora pedem a saída dos militares que assumiram o governo, em 11 de abril, em substituição ao presidente destituído. A embaixada dos Estados Unidos em Cartum exigiu o fim da repressão. "A operação das forças de segurança sudanesas é injustificável e deve cessar", escreveu a representação diplomática americana em sua conta no Twitter.
O Conselho Militar de Transição negou, porém, ter dispersado à força o acampamento de opositores. Testemunhas, entretanto, viram membros das forças de segurança fortemente armados e em veículos com metralhadoras se deslocaram por toda capital. Tiros foram ouvidos na área do acampamento. "Não dispersamos o acampamento à força", declarou o porta-voz do Conselho, o general Shamsedin Kabashi, ao canal Sky News Arabia, com sede nos Emirados Árabes Unidos.
"As barracas continuam no local, e os jovens podem circular livremente", afirmou o general. O porta-voz disse, entretanto, que as forças de segurança atuaram em uma zona "perigosa", conhecida como "Colômbia", perto do local dos protestos. "Este local, chamado 'Colômbia', foi durante muito tempo uma fonte de corrupção e atividades ilícitas", declarou.
"Matança"
A relação entre militares e manifestantes ficou tensa no mês passado, depois do fracasso das negociações entre os generais que governam o país e a oposição, que anunciou a interrupção dos contatos com o Conselho Militar de Transição e convocou manifestações. Em um comunicado a Aliança pela Liberdade e a Mudança (ALC), líder dos protestos, convocou uma "greve e a desobediência civil total e indefinida a partir de desta segunda-feira (3).
A Associação de Profissionais Sudaneses (APS), outra organização à frente dos protestos, citou um "massacre" e convocou os sudaneses à "desobediência civil total para derrubar o Conselho Militar pérfido e assassino". O comandante do Conselho Militar, Abdel Fatah al Burhan, visitou recentemente Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, três países que expressaram apoio aos militares sudaneses.
Depois de governar o Sudão por quase 30 anos, Omar al-Bashir foi deposto e detido pelo Exército em 11 de abril. Bashir foi pressionado por um movimento sem precedentes, que teve início em 19 de dezembro após a decisão do governo de triplicar o preço do pão em um país abalado por uma grave crise econômica.
(Com informações da AFP)
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