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Irã nega envolvimento em ataques a petroleiros e acusa EUA de "sabotagem diplomática"

O Irã classificou, nesta sexta-feira (14), como "sem fundamentos" as acusações americanas de que seria responsável pelos ataques contra dois petroleiros na região do Golfo. Teerã também acusou os Estados Unidos de "sabotagem diplomática" e de serem "uma grave ameaça à estabilidade" regional e mundial.

Imagem retirada de um vídeo mostra dois petroleiros em chamas no mar no Golfo de Omã.
Imagem retirada de um vídeo mostra dois petroleiros em chamas no mar no Golfo de Omã. Reuters customers only.
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Os preços do petróleo continuavam a subir na Ásia, um dia após o ataque de quinta-feira (13) contra dois petroleiros, um norueguês e um japonês, perto do Estreito de Ormuz, uma passagem marítima estratégica no mar de Omã. As embarcações foram visadas quase um mês após ataques contra quatro navios, três deles petroleiros, na costa dos Emirados Árabes Unidos.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, acusou o Irã de querer perturbar o mercado global. "O governo dos Estados Unidos acredita que a República Islâmica do Irã é responsável pelos ataques [de quinta-feira] no mar de Omã".

"O fato de os Estados Unidos aproveitarem imediatamente a oportunidade para fazer acusações contra o Irã revela que [Washington e seus aliados árabes] passaram para o plano B: a sabotagem diplomática e maquiagem do seu #TerrorismoEconômico contra o Irã", reagiu o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, no Twitter.

Seu ministério considerou "infundadas" as acusações de Mike Pompeo e reiterou que o Irã, "responsável por garantir a segurança no Estreito de Ormuz", veio em auxílio aos navios em perigo e "salvou" a sua tripulação.

Pouco depois, foi a vez do presidente iraniano Hassan Rohani reagir. "Nos últimos dois anos, o governo dos Estados Unidos tem sido agressivo e representa uma séria ameaça à estabilidade na região e no mundo, violando todas as regras internacionais", disse na reunião da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) em Bishkek, Quirguistão.

O comando central americano (Centcom) publicou um vídeo em preto e branco mostrando o que apresentou como uma patrulha iraniana "retirando um dispositivo que não explodiu" de um dos navios na costa iraniana.

"Objeto voador"

As autoridades norueguesas registraram um ataque, relatando três explosões a bordo do petroleiro "Front Altair", de propriedade da empresa Frontline. Nenhum membro da tripulação ficou ferido.

O segundo navio, o Kokuka Courageous, foi alvejado, mas toda a tripulação foi resgatada depois de abandonar o navio, e sua carga de metanol está intacta, de acordo com o seu operador japonês, Kokuka Sangyo.

Segundo relatos do proprietário do navio-tanque, a tripulação informou que viu um "objeto voador" atingir a embarcação. "Então houve uma explosão".

Os ataques a navios petroleiros e instalações petrolíferas no Golfo podem perturbar o abastecimento do mercado global e provocar um conflito armado envolvendo o Irã, dizem analistas.

Teerã e Washington estão envolvidos em uma disputa de alto risco desde a retirada unilateral em maio de 2018 do governo Trump do acordo nuclear com o Irã e do restabelecimento das sanções americanas contra Teerã. Nos últimos meses, os dois lados trocaram ameaças e os Estados Unidos reforçaram seu presença militar na região.

Na quinta-feira, Zarif considerou como altamente suspeito a coincidência entre os ataques contra os navios e a visita inédita ao Irã do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, que proclamou a vontade do seu país de fazer o possível para diminuir as tensões.

O Irã também rejeitou na ONU as acusações do embaixador americano Jonathan Cohen que culpou Teerã pelos ataques, evocando uma "sofisticação" e o tipo de bombas utilizadas.

Petróleo em alta

Há um mês, os Estados Unidos acusaram o Irã de estar, "muito provavelmente", por trás do ataque de quatro petroleiros em 12 de maio ao largo dos Emirados Árabes Unidos, o que Teerã também negou.

Uma investigação multinacional concluiu a provável responsabilidade de um "ator estatal", mas sem evidências de que se tratou do Irã, segundo os Emirados, que é aliado da Arábia Saudita, rival do Irã na região.

Nesta sexta-feira, os Emirados Árabes Unidos denunciaram uma "escalada perigosa", enquanto a China pediu "diálogo". "Esperamos que todas as partes envolvidas resolvam suas diferenças por meio do diálogo e consultas", declarou o porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang.

Neste contexto, os preços do petróleo subiram na Ásia. Por volta das 4h45 GMT (1h45 de Brasília), o barril de "light sweet crude" (WTI) para entrega em julho subia US$ 0,21, passando a US$ 52,49. Já o barril de "brent" subia US$ 0,44 centavos, para US$ 61,75.

(Com informações da AFP)

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