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Arábia Saudita/Assassinato

Relatório da ONU responsabiliza príncipe saudita por assassinato de jornalista Khashoggi

A relatora especial das Nações Unidas Agnès Callamard afirmou nesta quarta-feira (19) que existem provas suficientes apontando a responsabilidade do príncipe herdeiro saudita Mohamed Bin Salman, conhecido como MBS, no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Ela pediu sanções contra os responsáveis pelo homicídio, assim como uma investigação internacional.

Agnès Callamard, relatora especial da ONU sobre o assassinato de Jamal Khashoggi, apresentou o resultado de suas investigações nesta quarta-feira, 19 de junho de 2019.
Agnès Callamard, relatora especial da ONU sobre o assassinato de Jamal Khashoggi, apresentou o resultado de suas investigações nesta quarta-feira, 19 de junho de 2019. AFP Photos/Fabrice Coffrini
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Crítico do regime saudita, Jamal Khashoggi foi assassinado em outubro passado, dentro do consulado de seu país em Istambul. A relatora especial da ONU viajou para a Turquia e investigou o caso durante seis meses.

Agnès Callamard considera a Arábia Saudita "responsável" pela "execução extrajudicial" do jornalista. Segundo ela, o relatório, divulgado hoje para a imprensa, aponta a responsabilidade individual de altos funcionários sauditas, incluindo o príncipe herdeiro. "A investigação demonstrou que há provas suficientes que justificam uma investigação suplementar sobre a responsabilidade de MBS", afirmou.

A relatora, assim como outros especialistas independentes da ONU, não fala em nome das Nações Unidas.

Sanções

O ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu, afirmou que seu país "apoia " o relatório.

A especialista pediu que os países que impõem sanções, como os Estados Unidos, prossigam com a medida contra 17 sauditas, já acusados por seu papel no assassinato. Ainda assim - acrescenta Agnès -, trata-se de medida insuficiente, por não considerar a questão da responsabilidade “do mandante". Por isso, ela pede que as sanções incluam Mohamed Bin Salman e seus bens pessoais no exterior.

Jamal Khashoggi criticava abertamente o príncipe, mas tinha plenamente consciência de seus poderes e o temia", destacou Callamard. Depois negar o crime em um primeiro momento, a Arábia Saudita apresentou diversas versões contraditórias e, agora, diz que Khashoggi foi assassinado em uma operação não autorizada pelo governo.

De acordo com a imprensa americana, a CIA também acredita que o homicídio foi provavelmente encomendado por MBS, que governa de fato a Arábia Saudita.

Investigação penal

A especialista da ONU pede ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que inicie uma "investigação penal de acompanhamento sobre o assassinato do senhor Khashoggi para constituir relatórios sólidos sobre cada um dos supostos autores". Ela também reivindica a criação de mecanismos, como um tribunal especial, para determinar as responsabilidades no caso.

No processo, já realizado na Arábia Saudita, a acusação descartou a responsabilidade do príncipe herdeiro e indiciou 20 pessoas, com pedidos de penas de morte para cinco homens. Callamard pede a suspensão deste julgamento, por considerar que o processo judicial não respeita as normas internacionais. Também pede ao FBI (a Polícia Federal americana) a abertura de uma investigação pela morte do jornalista, que morava nos Estados Unidos.

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