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Ataques xenófobos levam centenas de nigerianos a deixar a África do Sul

A Nigéria se prepara para repatriar mais de 600 de seus cidadãos que vivem na África do Sul. A medida foi tomada após a série de ataques xenófobos dos últimos dias contra os estrangeiros no país, que deixaram 12 mortos.

Avião da companhia aérea nigeriana Air Peace, que levará os cidadãos da Nigéria de volta ao país.
Avião da companhia aérea nigeriana Air Peace, que levará os cidadãos da Nigéria de volta ao país. Getty Images
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Além das vítimas, dezenas de estabelecimentos comerciais administrados por estrangeiros foram vandalizados durante a onda xenófoba que assolou a África do Sul. De acordo com Emeka Ugwu, presidente do Fórum dos Médicos Nigerianos de Joannesburgo, nenhum cidadão da Nigéria foi assassinado nos ataques.

Um primeiro avião deve deixar Johannesburgo na quarta-feira (11) com vários nigerianos a bordo. O voo será pago pela companhia Air Peace, na Nigéria. A oferta foi feita pelo diretor-geral da empresa aérea, Allen Onyema. A operação deveria ter começado na última sexta-feira (6), mas sofreu atraso por razões administrativas.

No total, 100 mil nigerianos vivem na África do Sul atualmente. Entre os candidatos ao retorno para a Nigéria, se encontra Bartholomew Eziagulu, um pastor e pai de 5 crianças, residente em Durban, leste do país, há 19 anos. “Me dei conta que aqui não era um lugar seguro para a humanidade. O ser humano aqui não tem nenhum valor. Permanecer aqui, com a família, é correr um risco enorme. Jesus disse ‘ame o próximo como a si mesmo’. Essas pessoas não têm amor por ninguém, nenhum valor”, disse à RFI.

Relações complicadas entre Nigéria e África do Sul

Bartholomew Eziagulu afirmou ter observado o cansaço dos comportamentos xenófobos em diversos de seus compatriotas. Ele é presidente da Associação de Cidadãos Nigerianos da África do Sul na província de Kwazulu-Natal.

“Os nigerianos decidiram partir por causa dos assassinatos. Foi a gota d’água e eles não podiam mais continuar a exercer suas atividades econômicas”, afirma Eziagulu. “São pessoas que trabalham há vários anos. Muitos nigerianos perderam tudo o que tinham, inclusive a esperança, e não têm mais confiança no governo sul-africano.”

Essa não é a primeira onda de episódios violentos contra imigrantes na África do Sul. Em 2015, várias pessoas foram mortas em manifestações contra estrangeiros em Durban.

A Nigéria e a África do Sul vivem atualmente uma crise nas relações diplomáticas. Na semana passada, as autoridades nigerianas boicotaram o Fórum Econômico Mundial Para a África, que aconteceu na Cidade do Cabo.

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