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Novos protestos em Hong Kong marcam 5 anos do Movimento dos Guarda-Chuvas

A polícia de Hong Kong usou canhões de água neste sábado (28) à noite (horário local) contra um grupo de manifestantes que jogava coquetéis molotov na direção do prédio do Escritório de Ligação, que abriga a representação do governo central chinês. Não muito distante, dezenas de milhares de manifestantes pró-democracia se reuniram pacificamente em um parque, para marcar o quinto aniversário do início do "Movimento dos Guarda-chuvas", o precursor da mobilização que sacode atualmente a ex-colônia britânica.

Manifestantes correm da polícia com guarda-chuvas em punho, em novo protesto em Hong Kong.
Manifestantes correm da polícia com guarda-chuvas em punho, em novo protesto em Hong Kong. REUTERS/Athit Perawongmetha
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Próximo ao prédio oficial chinês, dezenas de mascarados atiraram garrafas incendiárias e outros projéteis. O local é alvo frequente de ataques durante as recentes manifestações, por vezes violentas.

Lançado em 28 de setembro de 2014, o Movimento dos Guarda-Chuvas, uma ocupação pacífica do coração político e financeiro da megalópole, durou 79 dias. Os manifestantes reivindicaram o estabelecimento de um verdadeiro sufrágio universal para a eleição de seus líderes locais. Mas, apesar da escala dessa mobilização pacífica, Pequim não fez concessões.

Cinco anos depois, a ex-colônia britânica volta a enfrentar uma grave crise política. Mas o fracasso de 2014 radicalizou o movimento pró-democracia. Desde o início de junho, Hong Kong vive ações e mobilizações quase diárias.

Contra bombas de gás lacrimogêneo, guarda-chuvas

Neste sábado à noite, uma multidão de manifestantes também invadiu a Harcourt Road, uma grande avenida que cruza o distrito central de Admiralty. A mobilização começou quando a polícia usou gás lacrimogêneo contra um pequeno grupo de estudantes perto do LegCo, o parlamento local.

Os manifestantes se protegeram abrindo seus guarda-chuvas, um objeto que se tornou emblemático. "Acho que as pessoas estão prontas para um longo combate, porque não é fácil obter a democracia do Partido Comunista Chinês", disse à AFP, uma engenheira de 29 anos que se chama Yuan. Em 2014, ela não participou do Movimento dos Guarda-Chuvas, mas este ano, sentiu-se obrigada a protestar em reação à atitude partidária da polícia local.

"O comportamento da polícia tem sido um catalisador", estima Yuan, referindo-se a acusações generalizadas de brutalidade policial. A atual contestação surgiu da rejeição a um projeto de lei que visava autorizar as extradições para a China continental. A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, desistiu do projeto no início de setembro, mas essa medida foi considerada tardia pelos manifestantes, que ampliaram consideravelmente suas demandas para exigir reformas democráticas.

A mobilização é também uma denúncia das ingerências cada vez mais frequentes de Pequim nos assuntos de sua região semi-autônoma, violando, segundo os manifestantes, o famoso princípio "Um país, dois sistemas" que regeu a retrocessão.

Inflexibilidade de Pequim acentua insatisfações

"Se as reivindicações fossem atendidas com ações pacíficas, racionais e não violentas, não precisaríamos de métodos mais radicais", declarou neste sábado um estudante de 20 anos. "Quando olhamos para trás, o pacífico Movimento dos Guarda-Chuvas não obteve nada".

Os manifestantes de Hong Kong planejaram várias ações até terça-feira, quando a China celebrará o 70º aniversário de sua fundação, incluindo uma grande parada militar.

Manifestações também estão previstas para domingo na ex-colônia britânica, por ocasião de um dia mundial contra o totalitarismo. Os estudantes planejam uma greve escolar na segunda-feira e novas manifestações foram convocadas para terça-feira. A polícia não permitiu nenhuma manifestação pró-democracia em 1 de outubro.

Com informações da AFP

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