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70 anos da China Comunista

China comunista celebra 70 anos com armas nucleares inéditas e desfile apoteótico

A China apresentará nesta terça-feira (1º) uma nova série de mísseis nucleares com capacidades "sem precedentes", segundo um relatório francês que se baseia em fotos de satélite. O país vai celebrar com grande pompa, desfile apoteótico e discurso do presidente Xi Jinping o 70º aniversário do regime comunista, apesar dos ventos contrários que sopram direto de Hong Kong e Washington.

O Presidente chinês Xi Jinping participa de uma recepção no Salão Nobre do Povo marcando o 70º aniversário da fundação da República Popular da China em Pequim. 30/09/19
O Presidente chinês Xi Jinping participa de uma recepção no Salão Nobre do Povo marcando o 70º aniversário da fundação da República Popular da China em Pequim. 30/09/19 REUTERS/Thomas Peter
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Espera-se que Pequim assista nesta terça-feira, 1º de outubro, o maior desfile civil e militar já organizado pelo país mais populoso do mundo. O objetivo de Xi Jinping é claro: fazer vibrar a fibra patriótica de uma nação que se tornou, nos últimos 70 anos, a segunda economia mundial após décadas de guerra, miséria e humilhação.

O desfile também deve apresentar as mais recentes armas do exército chinês, cuja presença às vezes é percebida com preocupação por seus vizinhos, incluindo os países que fazem fronteira com o Mar da China Meridional.

Apesar da euforia, a unidade do gigante asiático foi prejudicada nos últimos meses pela agitação dos ativistas pró-democracia em Hong Kong, a primeira desde o retorno da ex-colônia britânica à China, em 1997. Os manifestantes planejam estragar a festa do partido comunista chinês, convocando manifestações em 1º de outubro, e as autoridades do território autônomo preferiram cancelar os fogos de artifício, com medo de mais violência.

Quanto ao poder econômico da China, ele se encontra ameaçado desde o ano passado pela guerra comercial lançada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs fortes tarifas punitivas aos produtos de Pequim.

Tudo isso sem mencionar as críticas internacionais à China por sua política em Xinjiang, uma região situada no noroeste do país, com ampla população muçulmana, onde um milhão de pessoas foram “internadas” em nome do combate ao terrorismo, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.

40 a 70 milhões de mortes

Apesar desses contratempos, Xi Jinping será o herói incontestável das cerimônias que comemoram a proclamação da República Popular da China por seu distante antecessor, Mao Tse-tung, em 1º de outubro de 1949. Na terça-feira, Xi passará as tropas em revista e fará "um discurso importante", segundo a mídia oficial.

Muitos comentaristas da cena internacional acreditam que o atual presidente é o líder chinês mais poderoso desde Mao, que mergulhou o país no caos do "Grande Salto Adiante" e da "Revolução Cultural".

Em 1997, "O Livro Negro do Comunismo", um livro escrito por um grupo de acadêmicos, estimou entre 40 e 70 milhões de mortes no balanço do regime chinês, compilando o número de vítimas dos expurgos, da fome após o "Grande salto Adiante e, mais recentemente, da histórica repressão contra os estudantes na Praça Tiananmen, em 1989.

Reformas econômicas

As reformas econômicas lançadas após a morte de Mao em 1976 levaram o país ao topo da economia mundial. Mas o impressionante crescimento do país, sem precedentes na história, está mostrando sinais de fraqueza: o índice de crescimento caiu este ano em seu nível mais baixo por quase três décadas, à medida que os custos de produção se aproximaram dos ocidentais.

Recentemente, o aumento dos preços da carne de porco, causado por um surto de peste suína africana, está pesando no padrão de vida dos consumidores chineses, que apreciam bastante este alimento.

Pipas e papagaios proibidos durante o desfile

O Partido Comunista Chinês (PCC) ainda permanece firme no poder. Desde sua chegada ao topo, no fim de 2012, Xi Jinping reprimiu qualquer esperança de reforma política e fortaleceu a vigilância dos cidadãos através de centenas de milhões de câmeras e uma "Grande Muralha da China da Internet", que filtra informações vindas de fora.

No dia 1º de outubro, as medidas de segurança foram reforçadas em Pequim: bares, restaurantes e lojas foram fechados em alguns bairros com várias semanas de antecedência. Em toda a cidade, é proibida a venda de pistolas falsas e o uso de pipas ou papagaios.

Todo os fins de semana, desde o início de outubro, os ensaios do desfile ao longo da enorme avenida da Paz Eterna vêm sitiado o centro da capital. As empresas, começando com a mídia estrangeira, que possuem vista para a avenida, foram ordenadas a sair e abandonar seus locais de trabalho temporariamente.

Centenas de milhares de funcionários públicos e estudantes também desfilarão na terça-feira diante dos líderes do país reunidos no portal da Paz Celestial, de frente para a enorme Praça Tiananmen.

Durante os ensaios noturnos, os funcionários receberam fraldas descartáveis, uma vez que eram proibidos de se ausentar para fazer xixi, segundo explicou um participante ao jornal Global Times.

Armas nucleares

Entre os principais equipamentos que participarão do desfile em 1º de outubro está o míssil DF-41, já em serviço, mas nunca apresentado ao público. A nave pode "ser armada por um número relativamente alto de várias ogivas, até um máximo de 10 cabeças (nucleares) contra três" nos modelos anteriores, observa o estudo da Fundação de Pesquisa Estratégica (FPS) da França.

O material é descrito por alguns especialistas como tendo um alcance de 12.000 a 14.000 km, e poderia "cobrir todo o território dos Estados Unidos", diz o relatório. Outra arma que deve ser apresentada: o DF-17, um lançador no qual seria colocado um "planador hipersônico" - uma asa delta capaz de evoluir a uma velocidade extrema, equipada com uma carga convencional ou nuclear e capaz de impedir os sistemas oponentes antimísseis.

"O surgimento de um sistema desse tipo teria um impacto considerável, destacando o progresso da China em um segmento em que russos e norte-americanos estão atrasados", observa o relatório francês.

A análise é baseada em fotos de equipamentos vistos nas ruas de Pequim durante os ensaios do desfile e de imagens de satélite de uma base de treinamento do exército, analisada pela empresa francesa Geo4i.

A China também realiza avanços na área de drones, principalmente com o aparecimento do WZ-8, uma máquina de reconhecimento supersônico que poderia ser usada para identificar alvos antes de um ataque.

(Com informações da AFP)

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