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Iraque

Em meio a protestos que deixaram dezenas de mortos, internet é cortada no Iraque

O Iraque viveu nesta quinta-feira (3) seu dia mais sangrento da semana. Pelo menos 28 pessoas já morreram em confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Parte do país está incomunicável, sem redes sociais ou conexão internet.

Manifestante protesta nas ruas de Bagdá, que virou palco de confrontos nos últimos três dias.
Manifestante protesta nas ruas de Bagdá, que virou palco de confrontos nos últimos três dias. REUTERS/Alaa al-Marjani
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Além das vítimas fatais (26 manifestantes e dois policiais), quase 800 pessoas ficaram feridas desde que os protestos começaram no país, há três dias. Concentrado na capital Bagdá, mas também nas províncias de Najaf, Misan, Zi Qar, Wassit e Babilônia, assim como na cidade de Basra, a grande localidade ao sul, o movimento teve início em sinal de revolta contra a corrupção. O Iraque, que viveu anos de guerra a partir de 2003 e depois enfrentou a violência dos grupos insurgentes islamitas, é o 12º país mais corrupto do mundo de acordo com o ranking da ONG Transparência Internacional.

Os manifestantes exigem melhores serviços públicos em um país afetado por décadas de escassez de água e de energia elétrica. Os iraquianos também protestam contra o desemprego, que atinge 25% dos jovens.

Movimento espontâneo, algo inédito no Iraque

O movimento espontâneo, sem o comando de um partido ou de um líder político ou religioso, é algo inédito no Iraque. Na quarta-feira à noite (2), o líder xiita Moqtada Sadr decidiu participar da mobilização e pediu a seus simpatizantes, que paralisaram o país em 2016 com manifestações na capital, que organizem "protestos pacíficos".

O chamado do clérigo pode aumentar o número de manifestantes nas ruas, apesar do toque de recolher decretado na capital e em várias cidades do sul do país. A polícia também tem disparado tiros para o alto para dissuadir a população.

Apesar do toque de recolher, milhares de pessoas protestam no centro da capital iraquiana.
Apesar do toque de recolher, milhares de pessoas protestam no centro da capital iraquiana. REUTERS/Thaier Al-Sudani

Várias estradas foram bloqueadas pelos manifestantes. Eles queimaram pneus diante de prédios oficiais em diversas cidades. A representante da ONU no Iraque, Jeanine Hennis-Plasschaert, pediu a "redução da escalada" de violência.

Manifestantes e policiais se enfrentam principalmente nas imediações da praça Tahrir, ponto de encontro tradicional dos protestos na capital. Para evitar a entrada de pessoas na área, as autoridades fecharam o local, que havia sido reaberto ao público em junho após 15 anos.

75% do país sem internet

Além de dificultar o acesso aos locais de manifestação, as autoridades começam as cortar os meios de comunicação. Desde quarta-feira, as redes sociais deixaram progressivamente de funcionar em Bagdá e no sul do Iraque. Nessa quinta-feira, a internet também foi suprimida e segundo o observatório internacional NetBlocks, 75% do país estava sem acesso à rede. A conexão foi suspensa intencionalmente pelas operadoras Earthlink, Asiacell e Zain.

Durante um movimento social que ocorreu no sul do país durante em 2018, as comunicações via internet e telefônicas com o exterior também haviam sido cortadas.

(Com informações da AFP)

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