China promete “melhorar” escolha de governo de Hong Kong, mas anúncio decepciona
A China anunciou nesta sexta-feira (1º) que pretende "melhorar" o processo de designação do chefe do Executivo de Hong Kong, uma das reivindicações de manifestantes, depois de cinco meses de protestos pró-democracia no território semiautônomo. O regime do presidente Xi Jinping não detalhou como pretende atuar nem se a mudança resultará num processo mais democrático, como exigem os manifestantes.
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Pequim anunciou querer “melhorar o mecanismo de seleção e revogação do chefe do Executivo e seus principais aliados” em Hong Kong. Shen Chunyao, alto funcionário do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau do governo chinês, declarou, em uma entrevista coletiva, que os dirigentes comunistas, reunidos a portas fechadas esta semana, também decidiram "melhorar" o sistema jurídico de Hong Kong "para preservar a segurança nacional".
Hong Kong é uma ex-colônia britânica que foi devolvida à China em 1997. O território, em virtude de sua "Lei Fundamental" (a Constituição regional), tem uma grande autonomia e liberdades ausentes na China continental, como justiça independente e liberdade de expressão e de manifestação.
Mas a região é palco de manifestações praticamente diárias desde o início de junho, cada vez mais violentas, para denunciar o que se considera uma crescente interferência da China e exigir reformas democráticas. Os manifestantes reclamam, entre outros pontos, eleições por sufrágio universal direto para o cargo de chefe de Executivo de Hong Kong, atualmente nomeado por um colégio de 1.200 grandes eleitores vinculado a Pequim.
“Palavras ao vento”
Para a líder opositora e deputada pró-democracia Claudia Mo, as declarações de Pequim são “palavras ao vento”. “Nós queremos um sistema no qual cada pessoa tenha direito a um voto. Também pedimos menos ingerência de Pequim, ou seja, que não possa expulsar candidatos considerados ‘indesejáveis’”, explicou a parlamentar, em entrevista à agência AFP. Claudia referia-se à anulação da candidatura de Joshua Wong, um dos ícones dos protestos, às próximas eleições locais.
Willy Lam, cientista político da Universidade de Hong Kong, afirma à agência que o anúncio “não tem nada a ver com a democracia”. Para ele, a China deseja exercer “um controle ainda maior” sobre Hong Kong e garantir que o próximo dirigente local “execute as ordens de Pequim melhor do que Carrie Lam [a atual chefe do executivo de Hong Kong]”.
Com informações da AFP
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