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13 anos após drama, Chile paga R$ 7 milhões em indenização para mineiros soterrados

Em 2010, o mundo acompanhou por 68 dias a operação de resgate de 33 trabalhadores de dentro de uma mina de cobre e ouro no deserto de Atacama, no Chile. Treze anos depois, o governo chileno terá de indenizar os mineiros pela experiência traumática em US$ 1,4 milhão (R$ 6,95 milhões). A reparação será compartilhada entre 31 dos 33 mineiros - dois sobreviventes não participaram da ação judicial. 

O resgate dos mineiros durou 69 dias e foi acompanhado intensamente pela imprensa internacional. Na foto, um dos primeiros trabalhadores a serem retirados da mina San José, no Chile.
O resgate dos mineiros durou 69 dias e foi acompanhado intensamente pela imprensa internacional. Na foto, um dos primeiros trabalhadores a serem retirados da mina San José, no Chile. Reuters
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Carlos Pizarro, da RFI

"Tenho o privilégio de informar que todos os mineiros resgatados, incluindo o líder do turno, sr. Luis Urzúa, estão em perfeitas condições": assim foi anunciado o fim da operação de resgate do acidente de mineração mais midiático de que se tem memória.

Treze anos depois, 31 dos 33 trabalhadores que passaram 68 dias presos na mina de San José, a mais de 700 metros de profundidade, receberão uma indenização do Estado chileno. Essa foi a decisão tomada pela Justiça em um longo e complexo processo que estabeleceu a responsabilidade do governo no acidente que soterrou os mineiros do Atacama.

"Ficamos felizes com o fato de ter sido estabelecido que, nesse caso, não havia apenas a responsabilidade das entidades privadas, mas também das entidades públicas, cujo objetivo é salvaguardar as medidas de segurança e que, nesse caso, não teriam sido cumpridas. E é por isso que estamos felizes com a decisão, que é uma decisão incomum na jurisprudência chilena e nos permite estabelecer a responsabilidade do Tesouro nos fatos", disse o advogado das vítimas, Jorge Ríos.

O Estado chileno deve pagar cerca de US$ 46 mil (R$ 230 mil) a cada mineiro: "O valor estabelecido pelo tribunal de segunda instância, nesse caso o Tribunal de Apelações de Santiago, é de 40 milhões de pesos chilenos", disse ele, apontando que o valor deve ser pago em três ou quatro meses.

Tantos anos após o acidente, a maioria dos mineiros envolvidos já havia perdido a esperança de receber a indenização. De acordo com Jorge Ríos, "os 31 mineiros dos 33 que processaram o Estado estavam felizes, principalmente porque havia sido estabelecido que, nesse caso, a responsabilidade não era apenas da empresa, a mineradora San José, mas que também havia negligência, conhecida como omissão, por parte dos órgãos públicos chilenos, que não garantiram o cumprimento das medidas de segurança dentro da mina".

Visão aérea da mina de San José, em Copiapó, a 800 km de Santiago do Chile.
Visão aérea da mina de San José, em Copiapó, a 800 km de Santiago do Chile. AFP - ALEX F. CATRIN

"Mudança em suas vidas

Apesar da indenização ser um ponto final legal, os mineiros sobreviventes da mina San José acham difícil colocar fim em um acidente que mudou suas vidas para sempre.

"Esse evento dificilmente poderá ser esquecido. Pelo contrário, todos eles sofreram uma mudança em suas vidas. Tiveram que abandonar a profissão que tinham, que era a de mineradores. A maioria deles agora está envolvida em outras atividades. Mesmo que a questão tenha sido encerrada no tribunal, o fato continua marcando a vida deles", completa o advogado.

Luis Bustos e Juan Illanes foram os únicos dos 33 mineiros do Atacama que preferiram não participar do processo contra o Estado por decisão pessoal.

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