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Brasil/Eleição

Ato contra a ditadura se transforma em comício para Haddad em Fortaleza

Essa quinta-feira (25) marcou os 43 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, vítima da ditadura militar. A data foi lembrada em Fortaleza com um ato político em defesa da democracia, no qual o palanque contou com a presença de sobreviventes da tortura, além de estudantes, jornalistas e militantes de vários partidos, que aproveitaram o momento para defender a candidatura de Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial.

Militantes que sobreviveram à tortura e à repressão participaram o ato contra a ditadura em Fortaleza
Militantes que sobreviveram à tortura e à repressão participaram o ato contra a ditadura em Fortaleza RFI
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Enviado especial a Fortaleza

Ao som de canções engajadas, como Tropicália, de Caetano Veloso, ou Eu quero é botar meu bloco na rua, de Sérgio Sampaio, centenas de pessoas se reuniram na praça Gentilândia para homenagear o jornalista morto em um quartel do exército em São Paulo, em um episódio que se tornou um dos símbolos dos anos de chumbo no Brasil. Várias testemunhas vivas dessa época, muitas delas vítimas da repressão, estavam presentes e se sucederam no microfone durante o evento, intitulado “Ditadura Nunca Mais”.

Praticamente todos os discursos foram pontuados por frases em apoio ao candidato do Partido dos Trabalhadores para a presidência, Fernando Haddad, mas também contra Jair Bolsonaro, cuja possível vitória no próximo domingo (28) é vista por muitos na manifestação como um risco de restabelecimento de uma nova forma de ditadura. “A morte de Herzog foi o fruto de tudo o que nós queremos afastar do Brasil hoje”, declarou a ex-prefeita de Fortaleza e deputada federal do PT, Luzianne Lins. “Estamos aqui para honrar o Brasil verdadeiro, o país solidário, generoso, de um povo com o coração aberto para receber o mundo. E não um Brasil tomado pelo ódio, como ele quer que seja a cara de nosso país para o resto do mundo”.

Dois pontos percentuais por dia

O Ceará foi o único estado do Brasil a não eleger nem Haddad nem Bolsonaro no primeiro turno. Ao optar por Ciro Gomes, os cearenses criaram o suspense sobre quem vai ficar com os votos do candidato do PDT, que chegou em terceiro na corrida eleitoral. “Temos três dias para conquistar os 6% que faltam para a virada”, gritavam os militantes, em alusão às últimas pesquisas de opinião, que apontam uma queda de 18 para 12 pontos de diferença entre os dois candidatos. Para eles, a estratégia agora é seduzir os indecisos e conseguir ganhar 2 pontos percentuais por dia, até domingo.

Estudantes e militantes também participaram da manifestação
Estudantes e militantes também participaram da manifestação RFI

Para isso, vários partidos – principalmente de esquerda – se mobilizam para ajudar a eleger Haddad, mesmo se nem todos concordam com a política dos petistas. “Nós fomos críticos ao governo do PT, mas compreendemos que as pessoas que querem lutar por direitos e democracia devem votar em Haddad, mesmo com críticas”, explicou o deputado estadual do PSOL Renato Roseno, um dos mais fervorosos durante a manifestação desta quinta-feira. “A gente não quer que as pessoas votem esquecendo as críticas ao petismo. Esse é um voto que deposita confiança, mas deposita também cobrança e exigências. Até para eu ser um opositor crítico à Haddad, para que ele avance em reformas que não fizeram ainda nos anos passados, eu voto nele”, explica.

Nos bastidores, alguns militantes criticam a falta de um apoio mais firme de Ciro Gomes. “Ele deveria ter subido em um palanque com Haddad”, disseram alguns. Muitos esperam, inclusive, que Ciro se pronuncie nesta sexta-feira (26), quando volta para Fortaleza após uma viagem pela Europa. Militantes já estão se organizado para esperá-lo no aeroporto às 20h, pelo horário local.

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