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Brasileiros na França se mobilizam para ajudar vítimas das inundações no Rio Grande do Sul

A tragédia das inundações no Rio Grande do Sul também vem mobilizando brasileiros em Paris. Muitos cooperam com doações via pix, outros organizam coletas e centrais de informações, ou até sessões solidárias de fotografia. Vamos conhecer algumas dessas iniciativas.

Moradores de Eldorado do Sul (RS) sendo resgatados em 7/5/24.
Moradores de Eldorado do Sul (RS) sendo resgatados em 7/5/24. REUTERS - Amanda Perobelli
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“Eu estou em choque, acho que todo mundo está em choque”, diz Jaqueline Dreyer, criadora da Associação Sol do Sul, para promoção da região sul do Brasil, que mora na França há 23 anos. “É um absurdo o que está acontecendo”.

Jaqueline está mobilizando forças para tentar envio, principalmente de roupas, num primeiro tempo, para o inverno brasileiro que se aproxima. Ela tem entrado em contato com as autoridades brasileiras na França, com ministérios no Brasil e representantes do governo gaúcho. Ela aguarda o retorno para um apelo tão importante. Jaqueline também quer entrar em contato com companhias aéreas para conseguir um envio mais rápido que os contêineres de navios.

Para ela a gestão pública deveria ter mais empenho. “O povo fica à mercê. O povo não tem uma voz, a voz do povo é a política”, insiste. “Hoje a gente vê um povo sendo massacrado, vemos corpos boiando e a culpa é dos nossos políticos e da nossa governança, seja local, seja estadual, federal”, desabafa.  

Ao mesmo tempo, Jaqueline olha para o futuro. “O Rio Grande do Sul vai ser refeito. Ele tem que ser refeito com novas bases, uma base que prioriza a vida das pessoas. Porque hoje o que prevalece é o bem-estar dos políticos”, critica.

Eva Maria Carvalho está em um abrigo após ter a casa inundada em Eldorado do Sul (RS), 8/5/24.
Eva Maria Carvalho está em um abrigo após ter a casa inundada em Eldorado do Sul (RS), 8/5/24. REUTERS - Amanda Perobelli

Cliques solidários

A fotógrafa mineira Sarah Géssica Cremasco, que mesmo depois de fazer uma doação em dinheiro, continuava angustiada, buscou uma forma de ir além. Resolveu então fazer mini sessões de ensaios fotográficos em Paris e reverter os dividendos para as vítimas gaúchas. Ao invés de ensaios de 1h30, ela propõe sessões de 30 minutos. No lugar de cobrar €390, ela pede €50. Serão vinte sessões no total, divididas em dois dias.

“Eu atendo basicamente turistas e algumas pessoas que moram em Paris. Como muita gente me segue, achei que poderia fazer algo em conjunto”, conta. ” Então eu criei um pacote menor para eu poder atender o máximo possível de pessoas no mesmo dia, para eu também ter um deslocamento só, um custo só de um dia de trabalho. E aí eu vou atender um dia inteiro. Eu consegui fechar 20 sessões, dez no dia 25 de maio e dez no dia 1 de junho e aí serão sessões de 30 minutos”, explica.

“Assim fica acessível para muitas pessoas que moram aqui. Essa quantia para o Brasil é um valor legal para a gente poder ajudar”.

A iniciativa, divulgada nas redes sociais, deu tão certo que outra fotógrafa brasileira baseada em Paris se dispôs também a fazer sessões e doar o resultado para as vítimas gaúchas, conta Sarah. “Uma outra fotógrafa da Itália viu e fez a mesma coisa por lá e também vai enviar o valor para o Rio Grande do Sul. E eu estou muito feliz que a gente vai cada vez mais alcançando mais pessoas e a rodinha do bem vai girando”, diz Sarah Géssica Cremasco.

Imagem de drone mostra o mercado do centro histórico de Porto Alegre inundado, 7/5/24.
Imagem de drone mostra o mercado do centro histórico de Porto Alegre inundado, 7/5/24. REUTERS - Diego Vara

Gestão pública

“Existe realmente um problema de gestão pública”, diz a cientista política pernambucana Marcia Moraes. Ela viveu de 2001 e 2004 no Rio Grande do Sul e está na França há 20 anos. Através das redes sociais, como o grupo Brasileiras de Paris, no Facebook ela centraliza e divulga informações sobre como ajudar as vítimas das inundações.

Emocionada, Marcia conta que trabalhou no IBGE de Canoas fazendo PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio), indo de casa em casa, entrando nas residências e conversando com os moradores. 

Marcia também morou na capital, no 14º andar de um edifício de onde via o rio Guaíba. “Todos os dias eu caminhava pelo lago Guaíba, ia almoçar no Centro de Cultura”, cita alguns locais hoje sob águas.

A cientista política ressalta o problema de gestão política para prevenção de catástrofes naturais. “Esse problema já tinha sido denunciado há muito tempo. Poderia ter sido evitado”.

Outras iniciativas

A associação francesa Autres Brésils também lançou uma campanha de ajuda. A entidade, que se une a outras iniciativas brasileiras, está fazendo coletas online e lembra em comunicado que "o Brasil está se tornando um dos países mais afetados pelos desastres causados ​​pelas mudanças climáticas no mundo". 

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