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Suíços decidem proibir quase toda publicidade de cigarros

Os suíços votaram, neste domingo (13), a favor de proibir quase toda publicidade de cigarro – os resultados de um referendo que mostram que 57% dos eleitores aprovaram esta iniciativa. Até hoje, a Suíça contava com uma legislação permissiva em relação à publicidade do cigarro, graças ao forte lobby das maiores empresas mundiais do setor, muitas das quais com sede no país.

Propaganda a favor da proibição da exposição de publicidade de cigarros para crianças e adolescentes é vista em Zurique. (03/02/2022)
Propaganda a favor da proibição da exposição de publicidade de cigarros para crianças e adolescentes é vista em Zurique. (03/02/2022) REUTERS - ARND WIEGMANN
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"Estamos extremamente felizes", disse à AFP Stefanie De Borba, da Liga Suíça contra o Câncer, com a publicação dos primeiros resultados, à tarde. De acordo com a Chancelaria federal, o "Sim" foi aprovado por uma maioria em 16 dos 26 cantões suíços, com quase 57% dos votos.

"As pessoas entenderam que a saúde é mais importante do que os interesses econômicos", completou De Borba. Uma em cada quatro pessoas é fumante no país.

Fumar dá uma "ilusão de liberdade", destacou o Dr. Jean-Paul Humair, porta-voz do "Sim". "Nos demos conta da importância de proteger crianças e adolescentes do tabagismo e de que a publicidade é uma ferramenta muito importante para atrair novos consumidores", disse ele à AFP.

Em nível nacional, apenas anúncios de rádio e televisão e mensagens dirigidas especificamente para menores são proibidos. E, embora alguns cantões já tivessem endurecido suas normas e uma nova lei a esse respeito entre em vigor em 2023, os grupos antitabaco pediam medidas mais robustas para proteger crianças e jovens.

Está prevista a proibição total da publicidade de cigarro em lugares de acesso de crianças e adolescentes, ou seja, na imprensa, em cartazes, na internet, no cinema e durante manifestações. Essas mesmas regras se aplicarão ao cigarro eletrônico.

Indústria do tabaco por trás do “Não”

"Isso significa que praticamente toda publicidade foi proibida, inclusive para adultos. Em nome da proteção da infância, os adultos são infantilizados", reclamou Patrick Eperon, porta-voz da campanha pelo "Não" e membro da organização Centro Patronal.

Este é o mesmo argumento da Philip Morris International (PMI), gigante global do setor, que, assim como a British American Tobacco e a Japan Tobacco, tem sede na Suíça. Para a PMI, trata-se de uma medida "extrema".

O país paga um preço alto pelo tabagismo, com 9,5 mil mortes anuais vinculadas em uma população de 8,6 milhões de habitantes. A isso, somam-se cerca de 400 mil pessoas com doenças crônicas ligadas ao tabagismo, segundo o Dr. Jean-Paul Humair.

Causa animal é rejeitada pela 4ª vez

Também de acordo com os primeiros resultados da consulta deste domingo, quase 80% dos suíços se recusaram a proibir testes de laboratório com animais e humanos. A população já rejeitou três vezes uma iniciativa sobre o tema: em 1985 (70%), 1992 (56%) e 1993 (72%).

Além disso, os eleitores registrados no cantão da cidade da Basileia, muito conhecido por seu zoológico e por seus grupos farmacêuticos, teriam rejeitado, por 75% dos votos, uma proposta destinada a garantir direitos fundamentais aos primatas não humanos.

Nenhum partido apoiou a proposta porque, segundo o governo, se aprovada, teria graves consequências econômicas e sanitárias na confederação, cujo setor químico-farmacêutico representa mais da metade de suas exportações.

As autoridades alegam, porém, que a legislação suíça está entre as mais rigorosas do mundo sobre de testes em animais.

Com informações da AFP

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