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Soberania e cobertura de internet: Por que a Europa quer relançar seu programa espacial

A Europa quer reforçar a sua presença no espaço. Esta é a ambição do encontro de cúpula organizado nesta quarta-feira (16) em Toulouse (sudoeste da França) no âmbito da Presidência francesa no Conselho da União Europeia. Entre outras coisas, será discutido o projeto de constelação de satélites apresentado pela Comissão Europeia.

Uma imagem mostrando a Via Láctea com base em dados emitidos pelo satélite Gaia, divulgado em 25 de abril de 2018 pela Agência Espacial Europeia (ESA) .
Uma imagem mostrando a Via Láctea com base em dados emitidos pelo satélite Gaia, divulgado em 25 de abril de 2018 pela Agência Espacial Europeia (ESA) . EUROPEAN SPACE AGENCY/AFP
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Por Dominique Baillard

Trata-se de um encontro que deve reunir, por um lado, todos os países membros da Agência Espacial Europeia e, de outro, os 27 ministros do Espaço europeus com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron.

Nesse vasto universo que nos cerca, os gigantes norte-americanos da internet já rivalizam com Estados federais, e a competição se acirra entre as grandes potências, com China, Índia, Rússia buscando alcançar os Estados Unidos.

No meio de tudo isso, a Europa também quer existir. É uma questão de soberania, segurança, mas também uma questão econômica. Porque o potencial do espaço é visto como a próxima fonte de crescimento.

A Europa participou ativamente na conquista do espaço. Com um grande sucesso comercial a seu crédito, o foguete Ariane. Mas agora o bloco europeu se encontra desatualizado e ultrapassado pela SpaceX, o foguete reutilizável de Elon Musk.

Constelação de satélites

O projeto de uma constelação de satélites é necessário para melhorar a cobertura da internet no bloco. A Europa deve se apressar em construí-lo, porque as órbitas baixas onde estão atualmente posicionadas suas nuvens de minissatélites, cerca de 1.000 km acima do solo, rapidamente ficarão lotadas: existem 143 projetos de constelações e as faixas de frequência são alocadas de acordo com a ordem de chegada .

O objetivo é oferecer cobertura de internet a todos os europeus, mesmo aqueles que vivem em áreas remotas não conectadas à fibra. Mas também por que não a todos os países africanos que a solicitam? Esta seria uma alternativa à oferta disponibilizada hoje por empresas privadas, ou pela China. Esta constelação também seria uma ferramenta essencial para a segurança dos chamados “27”, os países do bloco europeu.

Em caso de saturação das ligações terrestres ou de ciberataque, a Europa manteria o acesso controlado e livre à internet.

Quanto custará o projeto?

Segundo a Comissão Europeia, este projeto tem um custo de € 6 bilhões, quase o valor do orçamento anual da Agência Espacial Europeia. É, portanto, um compromisso substancial e é um orçamento que pode aumentar, porque é necessário planejar uma substituição regular dos minissatélites, a cada 5 ou 7 anos.

A Comissão cobrirá um terço do financiamento. Os Estados europeus contribuirão no mesmo nível e o setor privado será solicitado a completar.

Mas na liderança da Comissão, este custo levanta suspeitas. Recorrer a empresas comerciais seria mais vantajoso, mas Thierry Breton, o comissário responsável pelo espaço, considera que a soberania europeia está em jogo e que ela não tem preço.

Essa ideia veiculada pela França está começando a se espalhar entre os “27”. Os chefes de governo e depois o Parlamento ainda terão que aprovar este projeto que poderia ser construído a partir de 2024, e concluído em 2027.

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