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França troca lockdown por toque de recolher em meio a protestos de artistas contra restrições culturais

A França suspende nesta terça-feira (15) seu segundo lockdown, iniciado em 30 de outubro, em uma nova fase do plano do governo de combate à epidemia de Covid-19. No entanto, a flexibilização está muito distante de representar um retorno à vida normal. O governo instaura a partir de hoje um toque de recolher diário de 20h às 6h, com exceção da noite de 24 de dezembro, para que os franceses possam celebrar o Natal.

Artistas e profissionais do setor da cultura protestam nesta terça-feira (15) nas principais cidades francesas contra o fechamento prolongado dos estabelecimentos por causa da Covid-19.
Artistas e profissionais do setor da cultura protestam nesta terça-feira (15) nas principais cidades francesas contra o fechamento prolongado dos estabelecimentos por causa da Covid-19. REUTERS - GONZALO FUENTES
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Após um mês e meio de lockdown, os franceses estão autorizados a viajar dentro do país, sem limite de distância e sem preencher autorizações para sair de casa, salvo durante o horário do toque de recolher. O relaxamento das medidas para conter a propagação do coronavírus continua parcial. Teatros, salas de espetáculos, cinemas, museus, academias e estádios permanecem fechados até pelo menos 7 de janeiro. Bares e restaurantes continuarão proibidos de receber clientes até 20 de janeiro, podendo apenas preparar entregas (delivery).

A proibição prolongada de atividades culturais provoca grande indignação da classe artística, que organiza cerca de vinte manifestações nas principais cidades francesas nesta terça. Em Paris, centenas de artistas, técnicos, donos de teatros e cinemas se reuniram por volta de 12h (8h em Brasília) na praça da Bastilha. Eles estão inconformados com a decisão do governo de não reabrir esses estabelecimentos neste dia 15, como havia sido preconizado se o número de contaminações se estabilizasse abaixo de 5 mil casos por dia. Este recuo da epidemia não aconteceu, provocando a dilatação do prazo de restrições.

Na tentativa de acalmar o descontentamento, o primeiro-ministro Jean Castex afirmou nesta manhã que a atual situação sanitária ainda não permite a reabertura total do país. Ele confirmou a "prorrogação de € 35 milhões" de ajuda financeira ao setor cultural. 

Ontem, o governo enfrentou protestos semelhantes de donos de bares, restaurantes e discotecas, asfixiados financeiramente pelo longo fechamento de seus estabelecimentos.

O novo toque de recolher não será aplicado nos territórios ultramarinos franceses, destacou o primeiro-ministro, salvo em 13 municípios da Guiana Francesa onde a propagação do vírus ainda causa apreensão.

Mais de 58.000 pessoas morreram desde o início da epidemia na França. Atualmente, a média diária de novas infecções está em torno de 10.000 casos.

Temor de aglomeração nas festas de fim de ano

O Conselho Científico que assessora o presidente Emmanuel Macron nas decisões sobre a pandemia pediu aos franceses que pretendem se reunir no Natal com familiares idosos que adotem um isolamento social durante ao menos uma semana, para evitar uma terceira onda da Covid-19 depois das festas de fim de ano. Para correr o menor risco possível, o primeiro-ministro anunciou que os alunos serão dispensados das aulas nas próximas quinta e sexta-feiras, antecipando o início das duas semanas de férias escolares de fim de ano.

O Ministério do Interior promete efetuar controles policiais na noite de 31 de dezembro, quando o toque de recolher estará em vigor. Mas, em decorrência das festas clandestinas que têm reunido centenas de pessoas nos últimos dias, sem que as autoridades consigam inibir a organização desses eventos pelas redes sociais, os epidemiologistas temem um novo surto da epidemia nas duas primeiras semanas de janeiro.

Em meio a esse imenso cansaço causado pela pandemia, a imprensa noticia hoje que uma francesa centenária, residente em uma casa de repouso nos Alpes Franceses, sobreviveu à infecção pelo coronavírus. Léa Lavy festejou seu aniversário de 105 anos em 10 de dezembro, depois de se curar de uma forma benigna da Covid-19.

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