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França/Terrorismo

França faz homenagem às 86 vítimas do atentado em Nice

A França homenageou neste sábado (15) as vítimas do atentado de 14 de julho, em Nice. O presidente François Hollande participou da cerimônia solene realizada três meses após o ataque que deixou 86 mortos e mais de 400 feridos na cidade balneária do sul do país. A emoção, no entanto, não dissipou as críticas sobre as falhas de segurança e a responsabilidade das autoridades sobre o drama.

Rosas brancas lembraram cada uma ds 86 vítimas do atentado cometido em Nice em 14 de julho de 2016.
Rosas brancas lembraram cada uma ds 86 vítimas do atentado cometido em Nice em 14 de julho de 2016. REUTERS/Eric Gaillard
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"O que foi atingida em 14 de julho foi a unidade nacional", declarou o presidente Hollande, garantindo que "a intenção maléfica" dos terroristas "fracassaria".

"Apesar das provações, tragédias, lágrimas, aqui não há ódio, mas um forte desejo de trazer valores ainda mais elevados de humanidade, de solidariedade, de fraternidade", acrescentou o Presidente da República diante de centenas de convidados, entre eles adversários políticos como o ex-presidente Nicolas Sarkozy, o ex-primeiro-ministro François Fillon, e a líder da extrema-direita, Marine Le Pen.

Neste momento de lembrança, divergências políticas manifestadas após o atentado foram deixadas de lado para uma homenagem cheia de sobriedade e de dignidade em uma colina da cidade.

Hollande reiterou, como tem feito nas últimas semanas, que a grande arma da França é a "democracia, que não é fraca". O chefe de Estado se referiu à todos os que foram perderam suas vidas na tragédia: "As vítimas desta barbárie não tinham todas a mesma origem, nem o mesmo percurso, nem a mesma cor da pele, nem a mesma religião, mas estão unidas hoje pelo infortúnio".

"Uma coisa elas tinham em comum e que não deve ser esquecida. Esses homens, essas mulheres e essas crianças queriam viver livres. Essa é a mensagem que eles nos deixam: que todo 14 de julho, possamos nos lembrar dos ideais da República e dos que morreram por ela", acrescentou.

O presidente François Hollande durante cerimônia em homenagem às vítimas do atentado em Nice.
O presidente François Hollande durante cerimônia em homenagem às vítimas do atentado em Nice. tims and the families of the fatal truck attack three months ago

Hollande também aproveitou sua breve alocução para homenagear todas as unidades de polícias, nacionais e municipais, e os magistrados que atuaram na noite do drama e continuam trabalhando nas investigações sobre o atentado. “Cabe a eles, com total independência, esclarecer o que aconteceu na noite do dia 14 de julho em Nice”, afirmou. E martelou: “Nós temos o dever de saber toda a verdade do que aconteceu”.

Em estado de choque

A cidade balneária do sul da França ainda continua em estado de choque pelo ataque como ficou demonstrado pela reação comovente dos participantes da homenagem, especialmente durante o discurso de Cindy Pellegrini, que perdeu oito familiares e pessoas próximas na tragédia. "Nice e a França inteira choram as 86 vítimas. Nossa tristeza é indefinível", afirmou, na frente do presidente Hollande.

"Nós esperamos do fundo do coração que a partir de agora, em todo dia 14 de julho, cada um de vocês olhem para o céu pensando que cada estrela é uma vida interrompida para sempre", continuou, com a voz embargada. "Como viver com suas feridas físicas? Como viver com suas feridas morais? Como viver depois da perda de um filho? De uma mãe? De um marido? De um pai?", questionou Pellegrini.

A cerimônia contou com a presença do cantor Julien Clerc, que interpretou a canção Utile, e seguiu com a leitura dos nomes e das idades de cada uma das 86 vítimas, sendo 15 crianças e adolescentes. Flores brancas representando cada uma das vítimas foram colocadas em um monumento efêmero, no centro de um retângulo de mármore branco. Quatorze pessoas feridas ainda continuam internadas.

Fora do perímetro da cerimônia oficial com a presença das autoridades, no Passeio dos Ingleses, local onde aconteceu o atentado, milhares de pessoas prestavam homenagens em silêncio, diante de velas acesas.

Polêmica continua

A emoção é grande, mas a polêmica sobre as falhas do esquema de segurança, que não foi capaz de impedir Mohamed Lahouaiej Bouhlel atropelasse com seu caminhão o público que participava das festividades do 14 de julho, ainda persiste. Até o momento, as investigações não esclareceram o vínculo direto de Bouhlel com o grupo Estado Islâmico, que reivindicou o atentado.

Em Nice, a promotoria de justiça analisa dezenas de queixas visando o Estado e a prefeitura da cidade, acusados de falhas na segurança e na proteção do local das festividades onde 30 mil se reuniram para acompanhar a tradicional queima de fogos de artifício.

Além de franceses, vítimas de 19 diferentes nacionalidades, incluindo dois brasileiros, foram atingidas no atentado, o maior da França depois dos ataques de janeiro de 2015, que deixou 17 mortos, e de 13 de novembro, em Saint-Denis e Paris, que resultaram em 130 vítimas fatais.
 

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