Transgênicos e gás de xisto são assuntos da imprensa francesa
OGM. A sigla para Organismos geneticamente modificados estampa tanto a capa do Le Monde quanto do Le Figaro nas edições deste fim de semana. Enquanto o diário conservador coloca nas costas do presidente François Hollande a questão política dos transgênicos, junto com a polêmica exploração do gás de xisto na França, Le Monde expande para uma discussão europeia mais filosófica.
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"É preciso que paremos de esperar em vão que pesquisadores justifiquem uma escolha cujas motivações estão longe de serem simplesmente científicas", escreve o vespertino em editorial. Na visão do jornal, as verdadeiras questões são: "O que têm a ganhar ou perder os agricultores e consumid ores com a probição das biotecnologias vegetais?" e "Quão longe nossas empresas querem ir na domesticação da vida?".
O debate renasceu na última quinta-feira, quando o Conselho de Estado decidiu, pela segunda vez em dois anos, anular uma decisão ministerial de 2012 que proíbe o cultivo em solo francês do milho transgênico MON810, fabricado pela norte-americana Monsanto. O órgão avaliou que a decisão fere o direito europeu.
Ontem, François Hollande defendeu a moratória que, de acordo com ele, deve ser mantido "em nome do progresso" porque a França não pode permitir que uma cultura tenha impacto desfavorável em outras.
"Que se lixem os agricultores que exigem uma verdadeira reflexão sobre a questão dos organismos geneticamente modificados ou as empresas que, certas ou erradas, veem no gás de xisto um importante mecanismo de crescimento", critica Le Figaro.
Em editorial, o diário conservador faz uma defesa apaixonada da exploração do gás de xisto, atualmente proibida na França. O texto chama de absurda a oposição entre progresso e proteção do meio ambiente: "Ao proibir qualquer perfuração sob o argumento de que a fraturação hidráulica apresenta um risco ambiental, nós nos privamos do pontapé inicial que abre o caminho para o progresso industrial e conduz, gradualmente, à exploração limpa do gás de xisto".
Le Figaro alerta para o risco de um êxodo da indústria energética francesa que pressiona o governo pela liberação da exploração e começa a expandir suas operações nos Estados Unidos, onde a corrida do gás está lançada.
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