Em meio a protestos, Vale anuncia venda de usina de níquel na Nova Caledônia
A mineradora brasileira Vale anunciou nesta quarta-feira (9) que vai vender sua usina de níquel na Nova Caledônia, território francês no Pacífico, a um consórcio internacional. O acordo foi anunciado após vários dias de protesto com bloqueios de estrada e confrontos com a polícia. Os manifestantes são contra a venda da usina para o capital estrangeiro.
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A fábrica de níquel e cobalto no sul do arquipélago está localizada ao lado da riquíssima jazida de Goro e será administrada por um consórcio que envolve os funcionários da empresa Vale-NC e a multinacional suíça de matéria-prima Trafigura, como acionista minoritário, segundo a nota da empresa brasileira.
O fabricante especifica que “esta solução de aquisição irá garantir a operação e o desenvolvimento contínuos da planta [no sul do arquipélago], respeitando suas responsabilidades sociais e ambientais, por uma nova empresa [chamada] Prony Resources , em 50% pertencente a investidores caledonianos. "
“O plano de negócios da Prony Resources deve garantir mais de 3.000 empregos diretos e indiretos”, disse Antonin Beurrier, atual presidente da Vale Nouvelle-Calédonie, para quem esta é a única alternativa para que a empresa não feche.
Depois de perder bilhões de dólares, a Vale anunciou o desejo de deixar a Nova Caledônia. Diante de grandes contingências técnicas, a fábrica metalúrgica foi redimensionada e atualmente fabrica um produto chamado torta de hidróxido de níquel (NHC), destinado ao mercado de baterias de carros elétricos.
O acordo deveria ser anunciado na semana passada, mas devido à tensão política, o governo da Nova Caledônia interviu e pediu para que a empresa considerasse a venda a uma empresa nacional. Alguns grupos políticos, como os independentistas FLNKS, defendiam outras opções de compra, alegando que a oferta da Trafigura representa um saque dos recursos do país por parte das multinacionais.
Apoiadores do nacionalismo mineiro, eles defendiam uma oferta concorrente em parceria com a Korea Zinc, que foi rejeitada pela Vale antes do grupo sul-coreano anunciar na segunda-feira que estava se retirando da corrida.
Videoconferência boicotada pelos separatistas
O anúncio da venda nesta quarta, no entanto, provocou a ira de manifestantes.
Bloqueios de estradas foram feitos em Païta, ao norte de Nouméa. Durante a noite, um posto de gasolina foi incendiado em Mont-Dore e todos os outros postos de gasolina serão fechados na quinta-feira "para forçar o Estado a manter a ordem pública".
O ministro do Exterior, Sébastien Lecornu, deve reunir os principais atores políticos da Nova Caledônia para falar sobre o tema nesta quinta-feira (10) por videoconferência. Mas os separatistas indicaram que boicotariam a reunião.
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