Irã teme ameaças de ultrarradicais islâmicos contra Síria e Iraque
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Ouvir - 05:20
O exército iraquiano está mobilizado e poderá lançar a qualquer momento uma ação contra os jihadistas do grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), aliado da Al-Qaeda. O grupo causa terror em duas cidades de maioria sunita na região oeste do Iraque, Falluja e Ramadi, onde 13 mil famílias abandonaram a cidade fugindo da violência dos combates dos últimos dias.
O grupo EIIL surgiu no Iraque mas se espalhou pela Síria onde também trava confrontos sangrentos contra ex-aliados que lutam pela queda do regime de Bashar Al-Assad. Os combatentes do Exército Islâmico do Iraque e do Levante foram expulsos de seu quartel-general em Aleppo, na Síria, mas deixaram um rastro de sangue, com 385 mortos na cidade desde sexta-feira, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
A dimensão sectária nos conflitos no Oriente Médio é importante. No Iraque, o governo é comandado por xiitas, sendo que os insurgentes são sunitas. O Irã ofereceu até ajuda militar a Bagdá na luta contra os rebeldes do Exército Islâmico porque teme a ameaça que eles representam para seus dois vizinhos e principais aliados na região, Iraque e Síria.
Em participação especial para a Rádio França Internacional, o correspondente da Folha de São Paulo em Teerã, Samy Adghirni, explica que “os iranianos estão dispostos a tudo para fortalecer o governo iraquiano”, comandado pelo xiita Nouri Al-Maliki, “inclusive oferecendo ajuda militar que até agora não foi aceita. Para o Irã, manter uma liderança aliada no Iraque é fundamental”.
A crise no Iraque é decorrente da situação de guerra na Síria. O Exército Islâmico do Iraque e do Levante lançou nesta quarta-feira um alerta de “guerra total”, contra seu ex-aliados na luta para a derrubada do regime de Al-Assad.
“No fundo, a crise no Iraque é resultado direto da guerra na Síria. Grupos extremistas ligados à Al-Qaeda estão se aproveitando do caos no território sírio para se fortalecer e voltar a ter influência no Iraque. A rede terrorista Al-Qaeda", lembra Samy Adghirni, "é inimiga mortal dos iranianos".
As tensões entre facções étnico-confessionais sempre existiram na região, mas ao longo da última década o conflito entre sunitas e xiitas se consolidou. “Curiosamente, é a queda do sunita Saddam Hussein no Iraque, provocada pelos americanos, que acabou fortalecendo o Irã, patrocinador do islamismo xiita.
As revoltas árabes, especialmente a guerra na Síria, deixaram os ânimos ainda mais acirrados. Rebeldes sírios são sunitas, enquanto o governo de Bashar Al Assad é próximo dos xiitas. Boa parte dessas tensões são alimentadas pelas duas maiores potencias da região, a Arábia Saudita, sunita, e o Irã, xiita”, explica Adghirni.
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