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Pela 1ª vez, militares mulheres vão participar de missão submarina na França

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Pela primeira vez, militares francesas poderão participar de uma missão de patrulha em um submarino nuclear do país - função que durante um século era exclusiva aos homens. A atividade experimental será realizada em 2017 de forma experimental e faz parte do plano de ação do Ministério da Defesa francês, anunciado recentemente. As medidas têm como prioridade a igualdade entre militares homens e mulheres, além de reforçar a luta contra as violências sexuais dentro das Forças Armadas francesas – uma das mais femininas no mundo, com 60 mil mulheres.

Francesas podem integrar corpo militar naval há 21 anos.
Francesas podem integrar corpo militar naval há 21 anos. A.Boidec/Marine Nationale
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O anúncio da participação de militares mulheres em missões submarinas acontece 21 anos após a abertura da Escola Naval às francesas. O Ministério da Defesa diz estar engajado na evolução das carreiras das militares e espera que o número de mulheres generais dobre até 2019. Hoje menos de 20 francesas alcançaram o cargo.

Para o almirante François Dupont, da Escola Naval francesa, o plano apresentado pelo governo francês deve atrair mais mulheres para as Forças Armadas do país, embora o equilíbrio entre as funções desempenhadas e o número de militares masculinos e femininos ainda está longe de ser alcançado.

"Começamos a integrá-las nos anos 80 e penso que o número de militares francesas só tende a aumentar. Na Marinha francesa, há 15% de membros mulheres, o que é uma grande proporção em relação às Forças Armadas de outros países ocidentais”, diz.

Alguns analistas acreditam que a França segue uma tendência das Forças Armadas de muitos países ocidentais no aumento de seu efetivo feminino. Hoje o país conta com 14% de mulheres na Marinha e 17% na Aeronáutica.

Dupont lembra que há países que evoluíram mais na questão, como os países do Norte da Europa, onde o efetivo militar feminino trabalha em missões submarinas clássicas, mas ainda menos longas do que as exclusivas aos homens. Os Estados Unidos abriu seus submarinos nucleares às americanas em 2012 e o Reino Unido, em 2013, para as militares britânicas. “Como a França passou a integrar militares mulheres nas Forças Armadas há 30 anos, será necessário um pouco mais de tempo até que um equilíbrio seja alcançado”, prevê.

O almirante avalia que a presença das francesas nas Forças Armadas é importante. “Eu tive oportunidade de ter colegas mulheres na Marinha e acredito que a presença delas é muito positiva, porque elas têm uma forma diferente de gerenciar as situações, em particular os períodos mais complicados”, explica.

Violências sexuais

Há quem esteja mais cético em relação ao plano de igualdade entre militares homens e mulheres. Apesar de reconhecer que as medidas propostas pelo Ministério da Defesa possam trazer resultados positivos, a porta-voz do Coletivo francês pelos Direitos das Mulheres, Suzy Rojtman, acredita que o anúncio das novas medidas acontece para aliviar a publicação do livro La Guerre Invisible (A Guerra Invisível, em tradução livre).

A obra, que causou uma grande polêmica na França, relata as violências sexuais sofridas por militares francesas nas Forças Armadas. Um dia depois de seu lançamento, o governo anunciou a abertura de uma investigação urgente sobre os abusos.

“Meses depois, o ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, anunciou que este ‘bastião do machismo’, os submarinos nucleares, passariam a contar com a presença feminina”, critica Suzy. Para ela, a iniciativa será realizada de forma muito lenta. “Inicialmente, apenas 3 mulheres vão integrar esta missão submarina experimental", ressalta.

22 mil brasileiras nas Forças Armadas

A presença das brasileiras nas Forças Armadas teve início nos anos 80, mas ainda é baixo. Pouco mais de 22 mil mulheres integram o efetivo militar do país, composto por mais de 350 mil membros.

De acordo com o professor da Academia da Força Aérea Brasileira e do Centro Universitário Unifai, doutor Carlos Eduardo Riberi Lobo, esse número vem aumentando nos últimos anos. Ele ressalta que tanto Exército, quanto a Marinha e a Aeronáutica conta com brasileiras. “A Força Aérea é a que conta com um maior número de mulheres: 10 mil para um efetivo total de 77 mil pessoas”, lembra.

Como em todas as Forças Armadas ocidentais, as brasileiras não podem desempenhar todas as funções exercidas pelos homens. Lobo ressalta que as regras mudam de acordo com cada país e fazem parte de um intenso debate sobre as capacidades físicas masculinas e femininas. “Realmente algumas missões mais físicas são desempenhadas melhor pelo homem. Outras atividades, como as administrativas, as mulheres têm mais sucesso que os homens”, completa.

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