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Revista revela que n° 2 da extrema-direita francesa é gay e relança polêmica

Qual é o limite da imprensa em relação às celebridades?, questiona o jornal Aujourd'hui en France na sua edição deste sábado (13), diante das repercussões da notícia de que o vice-presidente do Partido Frente Nacional, Florian Philippot, é gay. A revelação, feita pela revista de fofocas Closer, sem o consentimento do número 2 da extrema-direita francesa, relançou o debate sobre a fronteira cada vez mais tênue entre vida pública e vida privada dos políticos do país.

Florian Philippot, número 2 da extrema-direita francesa.
Florian Philippot, número 2 da extrema-direita francesa. © Joel Saget afp.com
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Em sua edição de sexta-feira (12) que chegou às bancas, a Closer, mesma revista que revelou o caso amoroso do presidente François Hollande com a atriz Julie Gayet, revelou a homossexualidade de Philippot publicando uma foto dele, em Viena, acompanhado de um homem apresentado como seu companheiro.

A informação teve o efeito de uma bomba no meio político porque foi divulgada no dia em que o partido Frente Nacional agendou uma reunião com seus principais líderes.

Para o Aujourd'hui en France, esse episódio mostra que a Closer reduziu ainda mais os limites da vida privada e relançou o debate sobre a "ditadura da transparência" das personalidades públicas.

Em entrevista ao Aujourd'hui en France, a diretora de redação da Closer negou "ter quebrado um tabu". Laurence Pieau explicou que a exposição da vida íntima dos políticos na França não é um "fenômeno novo"; a diferença, segundo ela, é que hoje em dia fugiu do controle das equipes de comunicação dos interessados.

Laurence afirma ainda que a repercussão do caso Philippot revela que a homossexualidade na França ainda não é vista como algo "normal".

Por outro lado, um porta-voz do Partido Socialista explicou ao jornal porque se solidarizou com o vice-presidente do partido de extrema-direita através das redes sociais.

Olivier Faure esclareceu que não defende a Frente Nacional, nem seu vice-presidente, mas quer ver garantido o direito de todas as pessoas de ter sua intimidade e vida privada preservadas.

Casos raros de exposição da homossexualidade

Aujourd'hui en France lembra vários casos em que políticos franceses tiveram sua orientação sexual exposta ao grande público contra a vontade e considera que esse tipo de revelação "ainda é rara no país".

O jornal destacou a frase de Jean-Luc Romero, ex-político do partido UMP que virou socialista e teve a homossexualidade divulgada por uma revista gay, 14 anos atrás. "Em uma sociedade homofóbica, a revelação pode ter um efeito devastador", disse.

O jornal Libération diz que a repercussão do caso Philippot caiu como uma luva para a presidente da Frente Nacional, Marine Le Pen, porque ofuscou a chegada ao partido do co-fundador do movimento GayLib, Sébastien Chenu.

Líderes históricos do partido extremista estavam preparados para atacar a vinda de Chenu, ex-secretário geral do partido UMP e conhecido militante da causa gay. Mas, diante da revelação da homosseuxalidade de Philippot, as críticas ficaram para segundo plano, afirma o diário.

Libération destacou a defesa firme de Marine Le Pen contra a invasão da vida privada de Philippot, julgando "esse tipo de comportamento (da revista Closer) intolerável".

Libé lembrou uma frase dita há mais de 20 anos pelo fundador da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, de que no partido não "havia uma polícia de controle do zíper", uma referência à tolerância sobre a orientação sexual de seus membros."Essa é a única constante do partido de extrema direita que deve ser saudada", escreveu Libération.

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