Congresso da Bolívia promulga lei que determina eleições até agosto
A presidente do Congresso boliviano, Eva Copa, determinou a convocação de eleições gerais no país dentro de 90 dias. A decisão, aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, contraria a determinação da presidente interina, Jeanine Áñez.
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As eleições presidenciais na Bolívia estavam previstas para o dia 3 de maio, mas foram suspensas pelo TSE (Tribunal Superior Boliviano) em março, após Áñez declarar quarenta no país devido à situação de emergência do coronavírus.
A medida, aprovada na quinta-feira (30) pelo Senado boliviano, determina que as eleições sejam realizadas até o início de agosto e nasceu de um projeto de lei apresentado pelo partido de oposição MAS (Movimiento al Socialismo), ligado a Evo Morales. O MAS tem grande maioria tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado boliviano.
O TSE, considerando a emergência de saúde, havia apresentado uma proposta que esticava o prazo das eleições até 27 de setembro.
A decisão do Congresso foi antecedida por um protesto com fogos de artifício e panelaços contra o prazo de 90 dias para a realização de eleições gerais em pelo menos quatro cidades importantes da Bolívia: La Paz, Santa Cruz, Cochabamba e El Alto.
Candidata acusa MAS de atentado à saúde
Após a promulgação da lei, a presidente interina publicou um vídeo nas redes sociais em que acusa o MAS de cometer um “atentado gravíssimo à saúde e à vida dos bolivianos”. Jeanine Áñez afirmou que a decisão foi tomada por um Congresso que o ex-presidente Evo Morales e seu candidato à presidência, Luís Arce Catacora, “controlam e manipulam conforme sua vontade”.
Segundo a última pesquisa publicada antes do confinamento, Arce é o candidato favorito à presidência, com 33% das intenções de voto. O centrista e ex-presidente Carlos Mesa aparece em segundo lugar, com 18,3%. Em terceiro, vem Áñez, representante da direita, com 16,9%.
Após a decisão do Congresso, Mesa reagiu em suas redes sociais, dizendo que "colocar o interesse político acima da velocidade das eleições ou buscar adiamento indefinido é questionável e envolve um risco para enfrentar adequadamente a crise" do coronavírus.
O tumulto quebrou o silêncio de uma quarentena total em vigor desde 22 de março. Até agora, mais de mil bolivianos foram infectados com o vírus, que também matou 62 pessoas.
Presidente interina após eleição anulada
Áñez assumiu temporariamente o governo boliviano, após as eleições de outubro de 2019 serem anuladas devido a irregularidades que provocaram semanas de protestos violentos contra Morales.
Atualmente asilado na Argentina, Morales renunciou à presidência boliviana em novembro, após quase 14 anos no poder.
* Com informações da AFP
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