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Kawasaki: quadro inflamatório de crianças com coronavírus seria “pós-infeccioso”

Desde que o alerta foi dado por pediatras ingleses, aumenta a preocupação na França com essa síndrome misteriosa que atinge algumas crianças que estiveram em contato com o novo coronavírus. O quadro clínico das crianças doentes se assemelha ao da síndrome de Kawasaki, uma inflamação generalizada com problemas cardíacos, e os franceses se perguntam se existe uma relação direta com a Covid-19. Médicos do Hospital Necker, de Paris, referência em pediatria, pedem para os pais não entrarem em pânico.

Cientistas pesquisam o porquê do coronavírus ser mais leve em crianças.
Cientistas pesquisam o porquê do coronavírus ser mais leve em crianças. REUTERS - Mohamed Abd El Ghany
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“Trata-se provavelmente de uma doença pós-infecciosa, uma vez que a manifestação desta doença nas crianças acontece depois da epidemia entre os adultos” diz, Damien Bonnet, chefe do serviço de cardiologia pediátrica no hospital infantil Necker, em Paris. “É uma doença simultânea aos mecanismos presentes na Covid-19, mas ainda não temos todos os elementos em mãos para afirmar com certeza que existe uma ligação direta entre as duas doenças”, contextualiza Bonnet.

No entanto, um indício importante mostra que todas crianças que desenvolveram a Síndrome de Kawasaki estiveram em algum momento em contato com o novo coronavírus, e foram contaminadas.

O professesor Gérard Cheront, chefe do serviço de emergência do hospital Necker, pede aos pais que não entrem em pânico. “Estamos falando de uma síndrome, que apresenta uma febre forte; convém consultar seu médico se essa febre alta for mal tolerada, se a criança parar de se alimentar, por exemplo. Ou se ela não se movimenta como normalmente. Ou se a febre elevada se prolongar para além de 72h”, diz o médico.

A experiência francesa mostra que todas as crianças atingidas por esta síndrome inflamatória se recuperaram, mesmo que tenham ficado internadas por um tempo na UTI.

Crianças testadas e "tempestade de citocinas"

Na França, "mais de 20 crianças" afetadas, com idades entre 3 e 17 anos, foram registradas em Île-de-France (região de Paris) desde 15 de abril, disse o Dr. Sylvain Renolleau, chefe da UTI do hospital pediátrico Necker, enquanto "normalmente há menos de um caso desse tipo por mês".

O contato das crianças com o novo coronavírus foi comprovado por um teste virológico positivo com carga viral "baixa" e, portanto, no final da infecção, e também por um teste sorológico positivo, o que prova que os pequenos haviam sido contaminados nas semanas anteriores, disse Renolleau.

No entanto, os médicos trabalham com a possibilidade de que a ocorrência desta doença inflamatória seja semelhante à "tempestade de citocinas" descrita em adultos, uma resposta imunológica descontrolada que causa casos respiratórios graves.

"Em crianças, também é uma reação inflamatória exagerada, mas que aparece mais tarde, na 3ª ou 4ª semana, e é sim uma lesão muscular cardíaca", disse o Prof. Rémi Salomon, presidente da comissão médica da AP-HP.

As crianças afetadas primeiro desenvolveram vários dias de febre alta e dor abdominal, às vezes com erupção cutânea, antes de desenvolverem insuficiência cardíaca e circulatória. As crianças hospitalizadas em Île-de-France "têm todos, até o momento, progredido favoravelmente em três ou quatro dias de cuidados de UTI", disse o Prof. Renolleau.

Alguns casos também foram relatados no interior do país, mas "em número muito menor", disse ele.

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