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Israel: processo de Netanyahu por corrupção é adiado após primeira audiência

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, denunciou as "acusações ridículas" contra ele na abertura do seu processo neste domingo (24), em Jerusalém, que foi adiado por tempo indeterminado. Esta é a primeira vez na história de Israel que um chefe de governo é alvo da Justiça durante o mandato.

O premiê israelense Benjamin Netanyahu em sua primeira audiência por corrupção.
O premiê israelense Benjamin Netanyahu em sua primeira audiência por corrupção. REUTERS - RONEN ZVULUN
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Depois de uma hora de audiência, o tribunal do distrito de Jersualém decidiu adiar o processo de Netanyahu. Os advogados do premiê pediram vários meses para estudar as provas contra ele. A promotoria, por sua vez, solicitou que as testemunhas possam ser ouvidas rapidamente. Os três juízes encarregados do caso declararam que vão analisar os pedidos, sem anunciar datas de novas audiências.

Depois de meses de crise política e três eleições, que acabaram dando a vitória ao Likud, o partido de Netanyahu, o primeiro-ministro teve que enfrentar a Justiça israelense. Ele é acusado de ter recebido charutos, champanhe e joias no valor de € 180.000( mais de R$ 1 milhão) de pessoas influentes em troca de favores financeiros ou pessoais. 

Segundo os investigadores, Netanyahu também tentou obter uma cobertura favorável no jornal Yediot Aharonot.  A justiça também suspeita que ele tenha concedido favores que beneficiaram financeiramente o chefe da empresa de telecomunicações israelense Bezeq, em troca de uma cobertura midiática favorável em um dos meios do grupo, o influente site Walla. Dos três casos, o último é considerado o mais escandaloso e o mais complexo.

Na chegada ao tribunal, neste domingo, o premiê se mostrou combativo e acusou a Justiça e a imprensa de criar um"complô" para derrubá-lo. "Pedi que tudo se seja transmitido ao vivo para que o público possa ouvir tudo diretamente, sem o filtro dos jornalistas ou da promotoria", acrescentou. Antes do início da audiência, diversos apoiadores se aglomeraram perto do tribunal, cercado de um forte esquema de segurança.

Morte política

Depois de meses de suspense, o procurador-geral Avichai Mandelblit acusou Netanyahu, em novembro de 2019. Mas o premiê israelense conseguiu se manter à frente do partido, terminar em primeiro lugar nas últimas eleições legislativas, negociar um acordo para compartilhar o poder com o rival Benny Gantz, e permanecer como primeiro-ministro.

O julgamento do premiê israelense deveria começar em meados de março, mas a crise sanitária provocada pela Covid-19  resultou no adiamento para 24 de maio. Os advogados de Netanyahu pediram que ele não comparecesse pessoalmente na abertura, neste domingo, do. O procedimento pode durar meses ou até anos, em caso de recurso.

Mas o tribunal confirmou nos últimos dias que o primeiro-ministro deveria estar presente na audiência, ainda que técnica, com a leitura das acusações. Em Israel, o primeiro-ministro não tem imunidade judicial, mas, diferentemente de outros cargos públicos e políticos, não precisa renunciar ou se retirar durante o julgamento.

Poder judiciário fragilizado

Para o vice-presidente de pesquisas do Instituto israelense da Democracia, Yuval Shany, as acusações contra o premiê fragilizam o poder Judiciário. "Se você está ao lado de Netanyahu, você se opõe ao aparato judiciário. Mas se você está ao lado do Judiciário, deve apoiar a esquerda. E isso politiza um sistema que, durante anos, foi considerado como acima da política", disse ao correspondente da RFI em Jerusalém, Guilhem Delteil.

Netanyahu se declara inocente e denuncia um plano tramado pela justiça contra ele, mas pode, a qualquer momento antes do veredicto, "negociar uma sentença" com o promotor, conforme autorizado pela lei israelense.

(RFI e AFP)

 

 

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