Acordo marca reaproximação entre Rússia e Turquia
Turquia e Rússia assinaram nesta segunda-feira (10) um acordo para construir um gasoduto que será usado para enviar gás russo para a Europa através do Mar Negro. O acordo marca a reconciliação entre os dois países, após a aviação turca ter derrubado uma aeronave das forças de Moscou na fronteira da Turquia com a Síria.
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Com informações de Alexandre Billette, correspondente da RFI em Istambul
O acordo foi assinado pelo ministro russo da Energia, Alexander Novak, e seu colega turco, Berat Albayrak, ao final de quase duas horas de reunião entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Essa foi a primeira visita do representante de Moscou ao território turco desde a queda da aeronave, em novembro de 2015.
Após o episódio, a Rússia havia imposto uma série de sanções econômicas contra a Turquia, entre elas a proibição de voos fretados entre os dois países. Segundo números oficiais divulgados por Ancara, a medida resultou em uma queda de 83% no número de turistas russos na Turquia em apenas um ano.
Com um custo de construção avaliado em US$ 10 bilhões, o gasoduto Turkish Stream havia sido anunciado há dois anos, ao mesmo tempo que o abandono, em plena crise ucraniana, do projeto South Stream pela União Europeia. Além do gasoduto, os presidentes dos dois países também concordaram em acelerar o projeto de construção da primeira central nuclear na Turquia, construída pelos russos.
Mudança de tom sobre a crise na Síria
O encontro entre os dois chefes de Estado, realizado poucas horas após o início do 23º Congresso mundial de energia, organizado por Istambul, foi também a ocasião para falar da crise na Síria. Os dois países divergem sobre o tema. Ancara apoia os opositores ao regime de Damasco, enquanto Moscou é um dos poucos aliados do presidente sírio Bashar el-Assad. No entanto, as discussões sobre o tema foram menos agressivas que no passado. Erdogan não fez nenhuma crítica à posição do Kremlin, enquanto Putin se contentou em declarar que Rússia e Turquia “são favoráveis ao fim rápido do derramamento de sangue na Síria”.
A mudança de tom do lado turco é vista como uma resposta do governo turco ao afastamento dos países ocidentais após a tentativa frustrada de golpe de Estado na Turquia. Erdogan declarou várias vezes que não havia sido suficientemente apoiado por seus parceiros europeus e americanos após a ameaça de putsch em julho passado.
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