Retomada da Crimeia, anexada pela Rússia há 9 anos, se torna meta utópica para a Ucrânia
Há exatos nove anos, em 18 de março de 2014, o presidente russo, Vladimir Putin, assinava o acordo para a anexação da Crimeia à Rússia. Por muito tempo delegada a segundo plano, a questão do status deste território volta à tona com a ofensiva russa. Mas o desejo declarado de Kiev de reconquistar a península coloca seus aliados ocidentais em uma situação delicada.
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Para a maior parte da comunidade internacional, a península ucraniana foi anexada ilegalmente por Moscou após um falso referendo. No entanto, sua reconquista por Kiev, motivada pelo sucesso de algumas operações de combate, ainda estaria longe de ser uma tarefa fácil.
“Ao retomar a Crimeia, restauraremos a paz. É a nossa terra. Nosso povo. Nossa história”, escreveu Volodymyr Zelensky no Twitter no mês passado. O presidente ucraniano anuncia regularmente que seu país irá recuperar o controle da península anexada pela Rússia há nove anos.
Desde a retirada russa de Kherson e da margem direita do rio Dnieper, essa perspectiva parece menos inviável do que no início do conflito, em fevereiro de 2022. Mas ainda que as chancelarias ocidentais sempre tenham reconhecido publicamente que a Crimeia fizesse parte da Ucrânia, a situação parecia constituir um caso à parte para a comunidade internacional.
9 years ago, Russian aggression began in Crimea. By returning Crimea, we will restore peace.
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) February 26, 2023
This is our land. Our people. Our history. We will return the Ukrainian flag to every corner of Ukraine.
Qırım serbest olacaq!
🇺🇦🇺🇦🇺🇦 pic.twitter.com/jdInUhcutm
Reação russa
Muitas autoridades afirmam, mas desta vez apenas nos bastidores, que a Ucrânia não conseguiria recuperar todo seu território pela força. Em Paris, como em Londres e Berlim, o discurso comum parece ser de que o Ocidente só irá conseguir apoiar o esforço de guerra de Kiev por um certo tempo.
Além disso, haveria também um certo medo de uma reação russa ainda mais violenta ou do uso de armas nucleares, uma vez que a Crimeia representa um valor simbólico e político muito importante aos olhos de Vladimir Putin.
Com isso, se os partidários da Ucrânia não encorajam ativamente a retomada da Crimeia, a ausência de posicionamentos públicos torna a decisão de Kiev cada vez mais isolada.
Escalada de tensão entre Rússia e EUA
A Crimeia esteve recentemente no centro de uma escalada de tensão entre a Rússia e os Estados Unidos. Na última terça-feira (14), Washington acusou Moscou de ter derrubado um drone americano Reaper sobre o Mar Negro. O Kremlin inicialmente negou sua responsabilidade, mas depois afirmou que o aparelho foi interceptado de forma acidental na "zona da península da Crimeia". Segundo as autoridades locais, o drone avançava "em direção à fronteira russa".
Diversos diplomatas da Otan confirmaram o incidente, mas tentaram abafar o caso. Segundo fontes militares ocidentais, os canais diplomáticos entre a Rússia e os Estados Unidos tentavam mitigar as tensões entre os dois países. A invasão russa na Ucrânia aumentou, no últimos meses, o temor de um confronto direto entre Moscou e os países da aliança atlântica, organização cujos membros fornecem armas a Kiev.
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