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Ucrânia: Putin viaja à Mariupol, primeira visita a um território ocupado

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, visitou Mariupol, cidade ucraniana devastada por bombardeios russos, o que marca sua primeira visita a um território ocupado desde o início da ofensiva na Ucrânia, informou o Kremlin neste domingo (19), após a emissão de um mandado de prisão internacional contra o líder de Moscou.

O presidente russo, Vladimir Putin (ao centro), visita a cidade de Sebastopol, na Crimeia, em 18 de março de 2023.
O presidente russo, Vladimir Putin (ao centro), visita a cidade de Sebastopol, na Crimeia, em 18 de março de 2023. © HANDOUT / Russian Presidential Press Office/AFP
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O chefe de Estado russo se deslocou para Mariupol de helicóptero e percorreu a cidade conduzindo um carro, informou o serviço de imprensa do Kremlin, citado por agências de notícias russas.

Putin conversou com moradores, visitou locais de interesse, e um relatório lhe foi apresentado sobre as obras de reconstrução desta cidade arruinada, de acordo com a mesma fonte.

Esta é a primeira viagem do chefe do Kremlin a esta cidade portuária ucraniana sitiada por meses pelas forças russas antes de ser conquistada em maio de 2022. Esta visita surpresa a Mariupol é principalmente a primeira viagem de Putin ao Donbass, território ocupado desde o início da ofensiva russa a 24 de fevereiro de 2022, o que rendeu a Moscou uma série de severas sanções internacionais.

O Kremlin ainda informou que, antes de ir para Mariupol, Putin também teve uma reunião em Rostov, na Rússia, com oficiais militares russos, incluindo o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov.

O presidente russo já havia viajado para a Crimeia no sábado (18) para marcar o 9º aniversário da anexação desta península ucraniana pela Rússia, também alvo de sanções internacionais por esse motivo. Foi sua primeira visita à Crimeia desde 2021.

Deportação ilegal

Vladimir Putin é alvo desde sexta-feira (17) de um mandado de prisão emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), que o acusa de um crime de guerra de "deportação ilegal" de crianças ucranianas.

A Corte, que tem sede em Haia, também tentou verificar se o bombardeio e cerco de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, poderia constituir um crime contra a humanidade. O tribunal concluiu que não tinha elementos para chegar a tal conclusão, não tendo tido acesso à região de Donetsk, onde fica Mariupol.

O Kremlin declarou "nulo e sem efeito" o mandado de prisão do TPI, cuja jurisdição Moscou não reconhece.

Mais de 16 mil crianças ucranianas foram deportadas para a Rússia desde o início da invasão, de acordo com Kiev, e muitas foram colocadas em instituições e lares adotivos.

Quando esteve em Sebastopol, porto de origem da Frota Russa do Mar Negro na Crimeia, Putin assistiu, no sábado, à cerimônia de inauguração de uma escola de artes para crianças na companhia do governador local, Mikhail Razvojayev, de acordo com as imagens transmitidas pelo canal público de televisão Rossia-1.

Próximo ao front

Como Sebastopol fica a apenas cerca de 240 km de Kherson, uma cidade do sul da Ucrânia retomada pelo exército de Kiev em novembro após a retirada das forças russas, esta viagem de Putin também foi a primeira realizada em um local tão próximo ao front.

"Nosso presidente Vladimir Vladimirovich Putin sabe como surpreender. No bom sentido da palavra", escreveu Razvojayev no Telegram. "Mas Vladimir Vladimirovich veio pessoalmente. Ele mesmo. Ao volante. Porque em um dia histórico como hoje, ele está sempre com Sebastopol e seu povo", declarou ainda. “Nosso país tem um líder incrível!”, concluiu.

A Rússia anexou a Crimeia em 18 de março de 2014, após um referendo não reconhecido por Kiev e pela comunidade internacional.

Se o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou em janeiro que pretendia retomar a Crimeia - "nossa terra" - pelas armas, Moscou continua a martelar que "a Crimeia é russa", se recusando a tornar a península objeto de possíveis negociações de paz.

“Nova era”

O mandado internacional de prisão contra Vladimir Putin foi emitido no dia em que Moscou e Pequim divulgaram a visita do líder chinês, Xi Jinping, à Rússia na próxima semana, com o objetivo de inaugurar uma "nova era" nas relações entre os dois aliados.

Esta visita ocorrerá de 20 a 22 de março, pouco mais de um ano após o lançamento da ofensiva russa na Ucrânia, que levou o Kremlin a se reaproximar da China, no meio de tensões com o Ocidente que apoia a 'Ucrânia'.

No mês passado, a China procurou se estabelecer como mediadora ao emitir um documento instando Moscou e Kiev a realizar negociações de paz.

(Com informações da AFP)

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