Acessar o conteúdo principal

Líbia: Confrontos de milícias em Trípoli deixam pelo menos 55 mortos e quase 150 feridos

Os violentos confrontos na Líbia entre dois grandes grupos armados na segunda (14) e terça-feira (15) deixaram pelo menos 55 mortos e 146 feridos nos subúrbios da capital Trípoli, de acordo com um relatório provisório do centro médico de emergência local.

Uma nuvem de fumaça sobe das ruas de Trípoli, onde duas facções rivais se enfrentaram na segunda (14) e na terça-feira (15). Trípoli, 15 de agosto de 2023.
Uma nuvem de fumaça sobe das ruas de Trípoli, onde duas facções rivais se enfrentaram na segunda (14) e na terça-feira (15). Trípoli, 15 de agosto de 2023. REUTERS - STRINGER
Publicidade

O centro afirma que 234 famílias, além de dezenas de médicos e enfermeiros estrangeiros, foram retirados de áreas ao sul de Trípoli, onde as milícias Brigada 444 e a Força al-Radaa se enfrentaram. Três hospitais de campanha e cerca de 60 ambulâncias foram mobilizados para resgatar os feridos e retirar civis.

Os combates com armas pesadas e automáticas começaram depois que o coronel Mahmoud Hamza, comandante da Brigada 444, foi preso na segunda-feira pela Força al-Radaa. Nenhuma explicação foi fornecida para sua prisão.

Na noite de terça-feira (15), o "conselho social", formado por notáveis ​​e personalidades influentes da localidade de Soug el-Joumaa, reduto da Força Al-Radaa a sudeste de Trípoli, anunciou um acordo com o chefe de Governo com sede em Trípoli, Abdelhamid Dbeibah, para transferir o coronel Hamza para uma "zona neutra".

Em um comunicado lido na televisão, o conselho afirmou que daria início a um cessar-fogo, o que permitiu o retorno à calma durante a noite de terça para esta quarta-feira (16).

A mídia local informa que o coronel Hamza estava na sede da "Autoridade de Apoio à Estabilidade" (SSA), outro grupo armado influente em Trípoli.

Forças de segurança afiliadas ao Ministério do Interior protegem as ruas após os confrontos entre facções armadas em Trípoli, Líbia, 16 de agosto de 2023.
Forças de segurança afiliadas ao Ministério do Interior protegem as ruas após os confrontos entre facções armadas em Trípoli, Líbia, 16 de agosto de 2023. REUTERS - HAZEM AHMED

Aparente normalidade

Os voos comerciais da capital, temporariamente desviados para o aeroporto da cidade Misrata, a 200 km a leste, foram retomados na manhã desta quarta-feira, de acordo com o serviço de informação do Aeroporto de Mitiga, o único aeroporto civil de Trípoli.

Apesar do retorno a uma aparente normalidade, o clima de tensão continua evidente na capital. Os dois grupos se enfrentaram na noite de segunda-feira até a noite de terça-feira nos subúrbios do sudeste, e tiros indiscriminados atingiram áreas residenciais.

A Brigada 444 e a Força al-Radaa estão entre as facções armadas mais poderosas de Trípoli, onde fica um dos dois governos que disputam o poder na Líbia.

O país mergulhou no caos desde a queda do regime de Muammar Kadafi, em 2011, alimentado por uma proliferação de milícias com as mais diversas motivações.

"Compensar os cidadãos"

Acompanhado por seu ministro do Interior, Imed Trabelsi, o primeiro-ministro Dbeibah passou a noite em Ain Zara, uma das áreas mais afetadas pelos confrontos nos subúrbios ao sul de Trípoli.

Caminhando pelas ruas escuras deste bairro, Dbeibah deu instruções para "limpar os escombros" e identificar os "danos materiais para compensar os cidadãos", informou a assessoria de imprensa do governo.

O Ministério do Interior, por sua vez, instalou um dispositivo de segurança para supervisionar o cessar-fogo, mobilizando forças nas áreas sob maiores tensões.

Mas, para o especialista em Líbia Jalel Harchaoui, “qualquer que seja a sequência dos acontecimentos, os últimos três anos foram perdidos” por diplomatas e pessoas com poder de decisão. Em sua opinião, "Trípoli é um território ainda mais dominado pelas milícias do que antes" e mesmo que "Dbeibah continue no poder, os acontecimentos mostram que ele não controla" a situação.

Governos rivais

A Líbia é governada por dois governos rivais: o de Dbeibah, instalado em Trípoli (oeste) e reconhecido pela ONU, e outro no Oriente, apoiado pelo poderoso marechal Khalifa Haftar.

Na terça-feira, a missão da ONU na Líbia, assim como as embaixadas americana, britânica, francesa, italiana e europeia, pediram a "redução imediata da escalada" de violência e que se "preserve o progresso feito nos últimos anos na área de segurança".

"Depois dos violentos confrontos em Trípoli, vemos os habituais discursos e lamentações. Nada mudará até que haja consequências" para os responsáveis, lamentou Hanan Saleh, integrante da ONG Human Rights Watch.

A Brigada 444, sediada no sul de Trípoli, depende do Ministério da Defesa e é considerada a mais disciplinada dos grupos armados do oeste. A Força al-Radaa é uma milícia poderosa que atua como uma “polícia” em Trípoli. Alegando ser independente do governo, a facção controla o centro e o leste de Trípoli, assim como o Aeroporto de Mitiga e uma prisão.

No final de maio, confrontos entre os dois grupos, inclusive em ruas movimentadas do centro da cidade, deixaram diversos feridos. Em julho e agosto de 2022, confrontos entre a al-Radaa e outros grupos causaram cerca de 50 mortes em Trípoli.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.