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Israel ataca campo de refugiados em Gaza após adoção de resolução no Conselho de Segurança da ONU

A ofensiva israelense continua neste sábado (23) na Faixa de Gaza, mesmo depois da adoção de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU, na véspera, exigindo a "criação de condições para uma pausa durável nas hostilidades" e o aumento de ajuda humanitária para o território. Segundo o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, 93% dos moradores do enclave palestino estão em situação de insegurança alimentar.

Foto ilustrativa. Imagem feita em 20 de dezembro de 2023 mostra colunas de fumaça no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, após bombardeios israelenses.
Foto ilustrativa. Imagem feita em 20 de dezembro de 2023 mostra colunas de fumaça no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, após bombardeios israelenses. AFP - MAHMUD HAMS
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O Ministério da Saúde palestino, controlado pelo grupo Hamas, anunciou que um bombardeio israelense contra o campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, deixou ao menos 18 mortos na última noite. Outros ataques e operações visam neste sábado cidades de todo o enclave, de norte a sul. 

Enquanto isso, o êxodo forçado da população continua. Famílias que haviam se refugiado no campo de Bureij, no centro do território, receberam a ordem de se deslocar para Deir al-Balah, no litoral. É o caso da jovem palestina Haya, que descreveu uma situação caótica no local, em entrevista à RFI

"Em breve outras famílias do campo de refugiados de Bureji devem chegar aqui em Deir al-Balah. A situação no sul da Faixa de Gaza é terrível. Toda a região à leste de Khan Yunis, no sul, foi completamente destruída por bombardeios. Agora eles estão pedindo para que todos se dirijam à Rafah [no extremo sul do enclave, na fronteira com o Egito]", disse. 

Segundo a jovem, no norte, a situação "é indescritível": "Eles matam qualquer um que estiver na rua. Tem um sniper em pontos altos da região e eles atiram em qualquer coisa que se mexer", reitera.

Haya também faz um apelo por uma trégua: "Precisamos de um cessar-fogo imediato, não suportamos mais isso. Não queremos começar o Ano Novo com essa guerra".

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos afirmou neste sábado que a ordem de evacuação dada aos moradores do centro da Faixa de Gaza levará as pessoas para locais onde bombardeios estão acontecendo. "Não há nenhum lugar para onde eles possam ir. Nenhum local é seguro", sublinhou. 

Aumento de ajuda humanitária

Após cinco dias de negociações complexas, o texto aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira (22) prevê uma ajuda humanitária "em grande escala", "imediata" e "sem obstáculos". A adoção da resolução por 13 votos a favor, nenhum contra e abstenção da Rússia e dos Estados Unidos, foi considerada uma vitória diplomática, após sucessivas tentativas fracassadas nas últimas semanas.

No entanto, por pressão dos Estados Unidos, o texto não faz um apelo direto a um cessar-fogo, limitando-se a mencionar a "criação de condições para uma pausa durável nas hostilidades". A resolução exige ainda a utilização de “todas as vias de acesso e circulação disponíveis na Faixa de Gaza” para a entrega de combustíveis, alimentos e equipamentos médicos. 

“Sabemos que não é um texto perfeito, sabemos que somente um cessar-fogo colocará fim ao sofrimento”, reconheceu a embaixadora dos Emirados Árabes Unidos Lana Zaki Nusseibeh, que participou da autoria da resolução. 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também reagiu: “Um cessar-fogo humanitário é a única forma de começar a responder às necessidades do povo de Gaza e pôr fim ao seu pesadelo”. Ele acrescentou que “esperava” mais do Conselho de Segurança. 

O grupo Hamas, que governa a Faixa de Gaza, classificou o texto "insuficiente", afirmando que "não responde à situação catastrófica criada pela máquina de guerra sionista". Já Israel afirmou que vai continuar inspecionando toda a ajuda enviada ao enclave, um dos motivos que atrasam o processo.

Efeito da resolução

O verdadeiro alcance da resolução ainda é incerto, já que a entrada dos comboios humanitários na Faixa de Gaza é controlada pelas autoridades israelenses. A ajuda que chega está longe de satisfazer as imensas necessidades da população, ameaçada pela fome.

Segundo António Guterres, "o verdadeiro problema" para a chegada dos caminhões carregando água, comida, medicamentos e combustíveis é "a forma como Israel conduz sua ofensiva, que cria obstáculos massivos à distribuição" de mantimentos e remédios.  

"A exigência mais urgente para a população de Gaza é um cessar-fogo imediato", martelou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo ele, "a fome e a propagação de doenças" ameçam o território.

Caso os moradores do enclave não tenham acesso à comida nas próximas semanas, "10 mil crianças com menos de cinco anos sofrerão da forma mais mortal de desnutrição", alertou o Unicef. 

(RFI com informações da AFP)

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