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Em festival francês, cineasta denuncia o "terrorismo de barragens" no Brasil

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Um dos maiores desastres ambientais do Brasil irá ocupar a grande tela em Paris, no 45° Cinéma du Réel, um dos mais importantes festivais de documentários do mundo, que acontece na capital francesa até 2 de abril. O longa-metragem “Rejeito”, do cineasta Pedro de Filippis, é a única produção brasileira a participar da competição.

O cineasta Pedro de Filippis, diretor de "Rejeito", único longa-metragem brasileiro selecionado para o festival Cinéma du Réel, na França. Em 27 de março de 2023.
O cineasta Pedro de Filippis, diretor de "Rejeito", único longa-metragem brasileiro selecionado para o festival Cinéma du Réel, na França. Em 27 de março de 2023. © RFI
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O filme foi realizado após o rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, em 2019, que, ao lado do rompimento da barragem em Mariana, figura entre as piores catástrofes ambientais do país.

Em um duplo sentido, o título “Rejeito” evidencia, ao mesmo tempo, a gestão irresponsável dos rejeitos das barragens, mas também a rejeição como uma ausência de poder público na segurança da população local.

“O filme se passa em um contexto de um território abandonado. Eu acho um tanto engraçado que a mineração chama seu lixo de rejeito, e essa conexão direta como ela trata as pessoas desses territórios, de certa forma esse abandono que a gente vê, na verdade, na América Latina em geral, nos territórios minerários. Iniciamos o filme apresentando essas definições e deixando a interpretação aberta, para as pessoas relacionarem. Ou não”, explica o diretor.

 

Cena do filme "Rejeito", do cineasta brasileiro Pedro de Filippis, em competição no festival Cinéma du Réel, em Paris.
Cena do filme "Rejeito", do cineasta brasileiro Pedro de Filippis, em competição no festival Cinéma du Réel, em Paris. © divulgação

 

No documentário, o verbo rejeitar indica também uma ação de resistência. Uma resistência coletiva que denuncia o risco representado por tantas outras barragens, principalmente em Minas Gerais, mas também em outros locais do Brasil.

“Esses territórios sofrem impactos, e são impactos psicológicos também. Um estudo aponta o aumento da venda de ansiolíticos nas regiões onde há barragens em Minas Gerais. É escandaloso: as pessoas têm que se drogar para conseguir viver debaixo dessas bombas-relógio”, alerta o cineasta.

“A América Latina sofre de um processo de pós-colonialismo”

Em seu filme, Pedro de Filippis aborda também os casos de deslocamentos forçados causados pela presença das barragens. “É uma prática antiga do capitalismo, não é algo particular desse caso. É o que a gente chama de terrorismo de barragens”, denuncia.

“Rejeito” é o primeiro longa-metragem do cineasta, que não esconde sua satisfação por ter sido selecionado a participar do festival na França. “A América Latina sofre de um processo de pós-colonialismo, e isso está de mãos dadas com meu processo pessoal, da minha ferramenta de expressão, e eu consegui combinar essas duas coisas. Para mim é incrível, uma oportunidade linda”, comenta.

“Rejeito” será exibido nesta quarta-feira (29), na Petite Salle do Centro Pompidou, em Paris, às 20h30.

 

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