Imprensa europeia destaca rejeição popular a Temer na abertura dos Paralímpicos

A cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos aconteceu em clima de festa e vaias, resume parte da imprensa europeia nas edições desta quinta-feira (8).

Lançamento dos jogos paralímpicos é destaque no jornal Le Monde desta quinta-feira (8). Reprodução RFI

A festa foi marcada pelas vaias contra o presidente Michel Temer, “contestado massivamente pela multidão”, descreve o Le Monde, e também pela ausência do presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach. Esta é a primeira vez que isso acontece, desde 1984.

“Temer não era visivelmente bem-vindo à festa. Ele substituiu, na semana passada, a presidente Dilma Rousseff, destituída pelo Senado no meio de uma grande crise política”, descreve o jornal. O auge do protesto coletivo aconteceu quando ele subiu na tribuna de honra para declarar os Jogos oficialmente abertos, no meio de um “imenso clamor hostil”, diz o Le Figaro.

As nuvens se acumulam em torno do evento, diz o jornal, que enfrentou dificuldades financeiras para sua realização, por conta de despesas imprevistas nos Jogos e falta de patrocínio. Sem contar o escândalo de dopping envolvendo a Rússia, que foi expulsa da competição.

As vaias contra Temer também foram destaque no jornal Le Figaro. “Quando aquilo que não está ligado ao esporte estraga a festa", diz a primeira fase do texto, que também destaca as reações negativas em torno do novo presidente – que chegou ao poder graças a um impeachment contestável, cercado de polêmica, que afastou Dilma Rousseff, diz o texto.

Sem faixa e Rolls Royce

A versão brasileira do espanhol El País foi ainda mais longe. Segundo o jornal, “os assessores de Temer falharam na tentativa de evitar que ele fosse vítima de vaias em seu primeiro evento público como presidente efetivo. Os gritos de “golpista” e “Fora Temer” ecoaram em Brasília nos desfiles do 7 de setembro e mais tarde na abertura dos Jogos Paralímpicos, escreve o jornal. Nos desfiles, Temer dispensou a faixa presidencial e o Rolls Royce usado na ocasião. “Militantes com adesivos contra o peemedebista também foram retirados das arquibancadas”, afirma o El País.