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França

Apenas 1,5% dos estupradores na França são condenados

Neste 25 de novembro, em que é comemorado o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher, o Coletivo Francês pelos Direitos das Mulheres realiza uma manifestação em Paris para marcar a data. A ong lembra que cerca de 86 mil estupros de mulheres são registrados por ano no país. Entretanto, apenas 1,5% dos agressores são condenados.

Feministas realizam manifestação nesta sexta-feira (25) em Paris para marcar o  Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher.
Feministas realizam manifestação nesta sexta-feira (25) em Paris para marcar o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher. facebook.com/pg/Collectif-Droits-des-Femmes
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"Parem com as violências contra as mulheres!": é este o lema de uma manifestação que será realizada nesta sexta-feira (25) em Paris. As militantes irão caminhar da Praça da Bastilha até a Praça da República, no leste da capital francesa.

Além das agressões sexuais sofridas pelas francesas, o foco dos protestos é a violência doméstica. Segundo estimativas, 216 mil mulheres são vítimas de agressões conjugais no país. Apenas em 2015, 122 francesas foram assassinadas por maridos ou namorados.

A ong também ressalta que dez tentativas de estupro de mulheres acontecem todos os dias na França nos locais de trabalho. Por isso, o coletivo reivindica um programa educativo para lutar contra os estereótipos sexistas desde os primeiros anos da escola. "O Estado consagra apenas 0,05% de seu orçamento (€ 221,2 milhões) para projetos sobre a igualdade entre mulheres e homens. Já as violências conjugais custam ao país € 2,5 bilhões por ano, entre tratamentos em hospitais, terapias, justiça, perda de emprego, entre outros", denuncia.

Francesa sofreu 47 anos de violências domésticas

As feministas também aproveitam a realização da marcha para pedir a liberdade de Jacqueline Sauvage, um caso que emocionou o país e mobilizou a opinião pública. Condenada a dez anos de prisão pela morte do marido, depois de sofrer quase 50 anos de violências físicas, psicológicas e sexuais, ela chegou a receber a graça parcial do presidente François Hollande no ano passado, mas a Justiça francesa se recusa a libertá-la.

Jacqueline, de 66 anos, matou o marido em setembro de 2012 com três tiros nas costas, depois de ser violentada e abusada sexualmente ao longo de 47 anos de casamento. Em diversas ocasiões, a mulher teve de ser internada na UTI, devido à intensidade das agressões. No dia do crime, ela estava em licença médica, devido socos que havia recebido do homem dias antes. A defesa argumentou que Jacqueline agiu em legítima defesa, o que não convenceu os juízes, que declararam que ela poderia ter respondido de maneira diferente às violências do marido, "com um ato proporcional, imediato e necessário".

Não bastasse a violência contra a esposa, Norbert Marot, de 65 anos e alcoólatra, não poupava seus quatro filhos das mesmas agressões físicas, psicológicas e sexuais. Um deles, Pascal, atormentado pelos ataques, se suicidou em 2012, um dia antes da morte do pai. "Nossa mãe sofreu durante toda a sua vida conjugal, vítima de nosso pai, homem violento, tirânico, perverso e incestuoso. Nosso pai morreu e, para nós, isso foi um alívio", denunciam as três filhas do casal, Sylvie, Carole e Fabienne.

"Nós vivemos em um país onde prendemos uma mulher, Jacqueline Sauvage, que aguentou, assim como seus filhos, 47 anos de socos, lesões e estupros por parte de seu marido e foi obrigada a matá-lo para viver. Liberdade para Jacqueline Sauvage", diz o comunicado divulgado hoje pelo Coletivo Francês pelos Direitos das Mulheres.

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