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Imprensa

Putin debocha da França ao dar cidadania russa a Depardieu, diz Figaro

O ator francês Gérard Depardieu recebeu ontem por meio de um decreto do presidente russo, Vladmir Putin, a cidadania russa. Para o jornal Le Figaro, o gesto de Putin é um deboche e uma provocação.

O ator francês Gérard Depardieu (e) e o atual presidente russo, Vladimir Putin, na época primeiro-ministro, durante um encontro em São Petesburgo, em 2010.
O ator francês Gérard Depardieu (e) e o atual presidente russo, Vladimir Putin, na época primeiro-ministro, durante um encontro em São Petesburgo, em 2010. REUTERS/Alexei Nikolsky/RIA Novosti/Pool/Files
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Gerard Depardieu já havia declarado a intenção de devolver seu passaporte francês e mudar para a Bélgica a fim de evitar o pagamento de impostos na França. O jornal Le Figaro lembra que o ator francês é uma estrela da publicidade na Rússia e nos países do Cáucaso e diz que Putin aproveita essa popularidade para lançar a Rússia como um nova pátria para candidatos ao exílio fiscal.

Em um editorial na capa, o Figaro avalia que Depardieu tem "amizades estranhas" com "neo-czares" de Moscou, do Uzbequistão, por exemplo,  e que a sua recém-adquirida cidadania chega a ser uma comédia ridícula, mas que ela coloca em evidência o tratamento injusto do governo socialista em relação aos ricos franceses. O jornal de direita afirma que o projeto de taxar em 75% a renda dos mais ricos, que provocou a ira de Depardieu, foi uma bravata que serviu apenas para acirrar a luta de classes na França.

Nas páginas internas, o Figaro destaca as vantagens fiscais das quais Depardieu poderia gozar na Rússia. No país, o imposto de renda tem uma alíquota única de 13% e não existe imposso sobre grandes fortunas, como na França. A Bélgica, também não existe esse tipo de imposto.

Salários

O sistema de financiamento do cinema francês está em discussão e também merece destaque nos jornais de hoje. Segundo o diário econômico Les Echos, o governo francês pretende melhorar, mas não mudar totalmente o sistema que tem, na avaliação oficial, permitido o surgimento de novos talentos. Nos últimos anos, o cinema francês tem tido grande sucesso no exterior com filmes como "The Artist" e "Intocáveis", mas os salários das estrelas francesas estão na berlinda.

O jornal Libération coloca o assunto na capa. Fazendo um trocadilho, o jornal questiona se os salários dos atores são "intocáveis"? Cálculos do jornal revelam que o custo médio de uma película na França é de 4,70 milhões de euros. Desse total,  570 mil euros, o que representa 12%, é o custo do cachê do elenco.

As mordomias para as grandes estrelas também podem incluir jatinhos, motoristas particulares, babás para os filhos, suítes em hotéis de luxo... Nada que seja chocante em Hollywoood, mas o jornal lembra que, na França, boa parte dessas regalias é financiada com dinheiro público.

Em declaração ao jornal, uma pessoa do setor confessa que um produtor independente de pequeno porte ganha 10 vezes menos que os atores que ele mesmo contratou. A questão que começa a ganhar força é a necessidade de estipular um teto salarial aos salários dos atores franceses.

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