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Atentados em Bruxelas mostram deficiências de segurança na Europa, diz imprensa francesa

Dois dias depois do ataque terrorista no aeroporto e em uma estação de metrô de Bruxelas, os jornais franceses questionam o sistema de segurança na Bélgica e em todo o bloco europeu na luta antiterrorista.

Acesso à estação de metrô de Bruxelas em 23 de março de 2016.
Acesso à estação de metrô de Bruxelas em 23 de março de 2016. REUTERS/Vincent Kessler
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“A Europa pode se defender?”pergunta em sua manchete o jornal Le Figaro. Os ataques contra a capital belga “colocam mais uma vez a União Europeia diante de suas próprias fraquezas”, afirma o diário. O duplo massacre de terça-feira (22) visou a Europa, seus moradores, visitantes e também funcionários de instituições europeias que abrigam interesses contraditórios de 28 países.

Basta a falha em um desses países do bloco para o impacto ser sentido em todos os outros países de um continente sem fronteiras, afirma a reportagem. “No final das contas, é a integração de 60 anos da Europa que é ameaçada”, insiste Le Figaro.

O jornal critica a burocracia europeia, que impede uma resposta à altura dos desafios relacionados ao combate ao terrorismo. Enquanto nos Estados Unidos a luta antiterrorismo é concentrada no trabalhado conjunto da NSA - Agência Nacional de Segurança- e a CIA, a Europa, apesar da Frontex, da Europol e do Espaço Schengen, tem apenas um coordenador para trabalhar no assunto, Gilles de Krechove. Ele não dispõe de tropas nem de verdadeiros "serviços" para ficar bem informado, afirma o texto.

Le Figaro diz que, desde os atentados contra o Charlie Hebdo, os resultados da luta contra o comércio de armas de guerra e a troca de informações sobre os passageiros que tomam voos na Europa ainda deixam a desejar.

O jornal lembra que a França e outros países têm insistido no controle europeu de armas de guerra, como o fusil AK47, mas dentro do bloco há normas internas que dificultam esse controle.

Le Figaro lista uma série de medidas defendidas pela França para acabar com a inércia dos europeus. Entre elas está a adoção de um sistema de informações sobre passageiros que voam para e dentro da Europa. A ideia é cruzar informações de nomes, destinos e acompanhantes com listas dos serviços de informação e de luta antiterrorista.

FBI da Europa?

Aujourd'hui en France diz que os atentados de Bruxelas foram cometidos pela mesma rede que atuou nos ataques de novembro em Paris, o que deixa claro que houve falhas em termos de cooperação europeia em relação aos serviços de informação. Contra o terrorismo é preciso passar das palavras para ações, defende o jornal.

Uma das propostas que ressurge com força é a criação de uma espécie de FBI europeia. No entanto, essa ideia não tem muitas chances de prosperar, segundo um especialista de segurança ouvido pelo jornal. Ele comparou: é “como afinar 28 violinos de uma orquestra de surdos”.

A criação de uma agência de informação europeia é sedutora no papel, mas dificil de aplicar. A primeira dificuldade, lembra Aujourd'hui en France, é que nem todos os países têm um serviço de informação e muitos deles também não pretendem abrir mão de suas informações e preferem mantê-las em segredo. A cooperação tem sido feita de maneira bilateral, de acordo com interesses dos países envolvidos.

As plataformas de troca de informações como a Interpol e a Europol são pouco operacionais, assim como o trabalho do coordenador de luta antiterrorista Gilles de Kerchove, nomeado em 2014. De qualquer forma, os ataques mostram que os jihadistas conseguem contornar as falhas dos sistemas de segurança da Europa, constata o jornal.

Conexão Bruxelas-Paris

Duas datas que unem dois países por tragédias terroristas: 11 de novembro e 23 de março. Esse é o tom da cobertura do jornal Libération sobre os atentados de Paris e Bruxelas, que foram organizados e cometidos pelo mesmo grupo jihadista.

As primeiras informações das investigações demonstram que os que agiram na capital belga participaram em diferentes níveis dos ataques de Paris. A identificação dos três kamikazes, que mataram 31 pessoas e deixaram outras 270 feridas, permite estabelecer uma conexão do duplo atentado na Bélgica e dos massacres da capital francesa.

Com base nas informações dos investigadores, o jornal informa que em um intervalo de 9 segundos as duas explosões aconteceram no aeroporto Zaventem. E, uma hora e 13 minutos depois, outra tragédia com a explosão no metrô Maelbeek, no coração de Bruxelas. Ontem, dia seguinte aos ataques, os enviados do Libération constataram que a população de “uma cidade em luto” misturavam os sentimentos de revolta, coragem e fatalidade.

 

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