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Cidades francesas ampliam uso de câmeras de vídeo com alto-falantes

O jornal Aujourd'hui en France dedica sua manchete desta segunda-feira (28) a um tema recorrente no país quando o assunto é segurança: o uso das câmeras de vídeo em espaços públicos.

Câmera de vigilância em uma rua de Lyon, sudeste da França.
Câmera de vigilância em uma rua de Lyon, sudeste da França. AFP/Fred Dufour
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A novidade agora, segundo o jornal, é o novo recurso usado pelo sistema de vigilância: alto-falantes. Além de serem filmados, motoristas e cidadãos podem agora ser interpelados ao vivo por microfones instalados em postes, acoplados a câmeras. A iniciativa já começou em várias cidades como Mandelieu-la-Napoule, no sul da França.

Segundo o diário, esse sistema mais sofisticado divide as opiniões de moradores e especialistas em relação à sua eficiência. Mas, de qualquer forma, revela o quanto nosso dia a dia foi invadido pela tecnologia.

Aujourd'hui en France entrevistou Coralie, uma moradora de Mandelieu-la- Napoule que foi advertida pelo alto-falante ao estacionar seu carro em um local proibido ao buscar sua filha no colégio.

O jornal conta que ela olhou para todos os lugares até descobrir que estava sendo alertada ao vivo por um alto-falante de uma câmera de vídeo que flagrou sua ação. Coralie disse ao jornal preferir ser repreendida por um agente de segurança de verdade do que pela voz vinda de um equipamento.

Desde o início de março, das 123 câmeras da cidade, 10 já têm um alto-falante acoplado. O centro de vigilância funciona na delegacia de polícia e três profissionais vigiam tudo o que acontece na cidade diante de um “muro de telas de alta definição”. O zoom digital das câmeras permite verificar detalhes a uma distância de até cinco quilômetros, disse uma assistente ao jornal.

Segundo a prefeitura de Mandelieu-la-Napoule, a maioria dos 22 mil moradores aprovou o novo dispositivo. No entanto, alguns reclamam do preço de €5.600 por cada um dos alto-falantes.

Efeito político

Entrevistado pelo Aujourd'hui en France, o sociólogo Laurent Mucchielli, que estuda a instalação dos sistemas de vigilância, afirma que a medida é sobretudo simbólica e política. Mucchielli diz que o número de pessoas analisando as imagens é muito pequeno em relação ao número de telas, uma das razões para considerar seu efeito limitado. Os agentes, segundo ele, se concentram em algumas infrações pois é impossível vigiar tudo o que acontece.

Segundo o sociólogo, a instalação de alto-falantes ainda leva a questionamentos sobre liberdades individuais. O sistema não evita a delinquência, por exemplo. Um ponto de venda de drogas vai mudar de lugar por causa da câmera de vídeo, mas nunca deixará de existir, segundo o especialista.

A reportagem afirma que 75% das médias cidades francesas são equipadas com câmeras de vídeo e a tendência é de que número aumente. Os prefeitos não hesitam em investir em um sistema aprovado por cerca de 83% dos moradores, de acordo com uma pesquisa do Instituto Ifop feita em setembro de 2013.

Em favor do recurso a essa tecnologia, escreve o jornal Aujourd'hui en France, é de que ela contribuiu para ajudar vários processos judiciários e investigações de atividades terroristas no país.

 

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