Síria aceita aplicar resolução da ONU se soberania do país for respeitada
O regime sírio declarou neste domingo (23) estar pronto a cooperar com a aplicação da resolução da ONU sobre o acesso de ajuda humanitária a civis se a soberania do país for respeitada. Militantes de Ongs de Direitos Humanos e opositores a Bashar al-Assad expressaram reservas sobre a colaboração do regime porque a resolução não prevê sanções caso não seja aplicada.
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A resolução não obrigatória foi adotada neste sábado (22) pelo Conselho de Segurança da ONU por unanimidade, um fato raro. A Rússia, aliada do regime de al-Assad, chegou a ameaçar utilizar seu poder de veto, mas decidiu votar a favor do documento após ter conseguido fazer emendas ao texto.
A resolução 2139 apela para que todas as partes do conflito suspendam suas barricadas erguidas em zonas povoadas e pede o fim de ataques contra civis. O texto também exige que “todas as partes, particularmente as autoridades do regime, autorizem imediatamente o acesso de ajuda humanitária, sem criar obstáculos”.
Neste domingo, o ministério sírio das Relações Exteriores disse estar “pronto para cooperar com o representante da Onu (na Síria) e as organizações humanitárias internacionais para encontrar os mecanismos que garantam a aplicação da resolução”. No entanto, a chancelaria alertou que a aplicação deveria ser feita “respeitando a soberania nacional, o papel do Estado, e os princípios de neutralidade e honestidade”.
O regime de Damasco estima necessário que “as causas da crise humanitária sejam tratadas", denunciando o “terrorismo apoiado por estrangeiros”.O governo sírio comemorou o fato de que a resolução tenha condenado veemência "os ataques terroristas lançados por organizações ligadas à Al-Qaeda”.
Opositores ao governo e militantes de organizações não-governamentais na Síria expressaram dúvidas de que a resolução possa ser mesmo aplicada porque o documento não prevê sanções automáticas se as medidas não forem respeitadas.
“Gostaríamos sinceramente de que esses corredores humanitários se tornassem uma realidade, mas duvido muito, principalmente porque a resolução não impõe sanções”, disse um militante da cidade de Douma, nos arredores de Damasco.
A resolução deixa em aberto a possibilidade de "ações posteriores", mas para isso, será preciso uma nova decisão do Conselho de Segurança. A hipótese de futuras sanções é considerada remota porque Rússia e China têm rejeitado sistematicamente qualquer texto que faça pressão sobre o regime de al-Assad.
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