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“Se tivesse que repetir tudo na vida, não mudaria nada”, disse Pelé em entrevista à RFI

Se Pelé entrou para a história por sua trajetória nos gramados, o craque também foi embaixador da Unicef, se aventurou na música e até na política. Mas foi graças ao futebol que ele conquistou o mundo, contrariando a vontade da mãe, que vislumbrava um filho médico ou professor.

Além de jogador de futebol, Pelé foi embaixador da Unicef, se aventurou na música e até na política.
Além de jogador de futebol, Pelé foi embaixador da Unicef, se aventurou na música e até na política. AFP/Archivos
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“Deus foi muito bom comigo”. Foi assim que Pelé resumiu sua carreira durante uma longa entrevista dada à RFI em Paris em 1995. Na época, o rei do futebol já estava longe dos gramados e vestia uma outra camisa: a de ministro dos Esportes, em uma pasta criada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.

Ao assumir o cargo, Pelé passou pela França para se encontrar com autoridade locais. Na entrevista, ele defendeu a profissionalização do futebol e, principalmente, o papel do esporte na sociedade brasileira. “Eu quero massificar o esporte no Brasil”, martelou o então ministro, que ficou no cargo até 1998.

Durante sua passagem pelo governo FHC, Pelé pretendia incentivar as atividades esportivas para as crianças, inclusive com a ajuda da iniciativa privada para os clubes não profissionais. “No meu milésimo gol, quando eu já chamei a atenção disso, a sociedade não entendeu e os políticos também não”.

Violência é presidente que deixa crianças morrerem de fome

O momento da entrevista era delicado para a imagem do futebol no Brasil e no mundo, arranhada por uma série de episódios de violência nos estádios. Mas Pelé sempre defendeu a modalidade e seus torcedores. “A violência é na sociedade, e não no futebol”, disse o ex-jogador. “Se nós formos ver, no mundo todo, o número de jogos que temos todas as semanas, e o número de público envolvido nesses jogos, vemos que a violência não é nada”, ponderou.

“Violento, sim, é um presidente que rouba um país todo, como nós temos tantos na América Latina, que deixam crianças morrerem de fome, roubando. Isso é violência. É uma violência que vem da sociedade e da situação econômica e política do mundo”, lançou Pelé. Segundo ele, esse contexto de tensão generalizada apenas se refletia nos estádios, “onde toda a torcida vai para extravasar seus problemas”.

No entanto, Pelé se mostrava otimista com a situação brasileira, apesar dos obstáculos. “Quando eu viajava, defendendo o Brasil, não tinha muito conhecimento da política brasileira, porque eu sou apolítico. Agora, no ministério, eu tenho visto mais a coisa de perto”, disse Pelé, que assumiu uma pasta sem verba, mas cheio de esperança.

“Se não houver interesse de fazer apenas politicagem, o Brasil certamente será um dos países mais fortes do mundo. Porque o Brasil é rico, não temos problema de clima, podemos produzir tudo no país. É só o governo querer e nós podemos mudar o Brasil”, apostava.

“Futebol me deu tudo”

Durante a entrevista, Pelé também falou sobre sua infância e a relação com a mãe.

“Ela queria que eu estudasse, fosse um professor, um médico”, contou o ex-jogador. “Hoje eu brinco com ela e digo que nenhuma universidade do mundo poderia me dar a oportunidade que tive de conhecer o mundo, novas filosofias de vida, ter novas experiências. Só o futebol. Então eu estou muito satisfeito, muito feliz. Se eu tivesse que repetir tudo na vida, repetiria tudo, igualzinho. Não mudava nada”, finalizou.  

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Pelé e a "universidade do futebol"

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