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Tailândia: parlamento rejeita candidatura de deputado pró-democracia; país continua sem premiê

O Parlamento tailandês rejeitou nesta quarta-feira (19) a candidatura de Pita Limjaroenrat, vencedor das eleições legislativas de maio, ao cargo de primeiro-ministro. Após mais de sete horas, os deputados e senadores proibiram (com 394 votos a favor e 312 contra) que o líder progressista disputasse a segunda votação.

Pita Limjaroenrat teve sua candidatura ao cargo de primeiro-ministro recusada e foi suspenso do cargo de deputado
Pita Limjaroenrat teve sua candidatura ao cargo de primeiro-ministro recusada e foi suspenso do cargo de deputado AP - Sakchai Lalit
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Como a candidatura de Pita Limjaroenrat foi rejeitada, a Tailândia agora está sem candidato declarado para o cargo de premiê.

O político de 42 anos, que venceu as eleições legislativas de 14 de maio com o partido 'Move Forward' ("Avançar, MFP, na sigla em inglês), tinha poucas esperanças de ser eleito. "Eu gostaria de dizer adeus até nos encontrarmos novamente", afirmou o deputado de 42 anos na Câmara, que deixou o plenário sob aplausos.

"Ficou claro que o voto do povo não é suficiente para governar o país. A candidatura precisa ser aprovada pelos senadores e provavelmente não terei apoio suficiente para a indicação como primeiro-ministro", admitiu o líder do MFP, em uma mensagem publicada no Instagram.

Em Bangcoc, em frente à Assembleia, centenas de manifestantes se reuniram para "pedir que suas reivindicações sejam ouvidas", contou a correspondente da RFI na cidade, Carol Isoux.

Para o professor Tole Manuchai, o bloqueio à candidatura de Pita no Parlamento é uma "armação" da oposição pro-militar. "Para mim está claro: eles tentam ganhar tempo para atrasar o máximo possível o momento em que um novo governo chegará ao poder, utilizando a lei como argumento. Independentemente da vontade do povo, que escolheu Pita. Fico muito preocupado de viver em um país onde a lei e a Justiça podem ser instrumentalizadas desta maneira", disse à RFI.

"Trata-se de uma questão de geração. Mesmo nas Forças Armadas, os mais jovens votaram no partido Move Forward. A juventude não suporta mais essa sociedade de patriarcas. Esse conservadorismo protege apenas os interesses econômicos da oligarquia e do Exército, e não leva em conta a evolução da sociedade tailandesa", explicou à RFI o pesquisador David Camroux, especialista em questões asiáticas do Centro francês de Pesquisas Internacionais.

Tailandeses protestam contra proibição do Parlamento à candidatura de Pita Limjaroenrat
Tailandeses protestam contra proibição do Parlamento à candidatura de Pita Limjaroenrat © AP - Wason Wanichakorn

Suspensão do cargo

Algumas horas antes, Pita Limjaroenrat foi suspenso do cargo de deputado pelo Tribunal Constitucional. Ele foi acusado de deter ações de uma empresa de comunicação já extinta, o que é proibido pela lei tailandesa. O processo, que pode levar à inegibilidade do político, foi apresentado ao Tribunal Constitucional pela Comissão Eleitoral.

O processo, que pode levar à inegibilidade, foi apresentado ao Tribunal Constitucional pela Comissão Eleitoral. Pita, um deputado formado em Harvard e membro de uma família rica, com negócios no setor da alimentação, afirma que herdou as ações de seu pai.

Os analistas já consideravam que seria muito difícil para Pita reverter o cenário de rejeição, que ficou evidente entre os senadores escolhidos pelo exército. A elite conservadora tailandesa teme suas propostas para alterar a leis de lesa-majestade, que protege o rei de processos judiciais, por exemplo.

Na semana passada, Pita ficou a 51 votos do que precisava para conseguir formar um governo. O MFP conquistou a maioria das cadeiras na Câmara nas eleições de maio, com o apoio dos jovens e dos moradores dos centros urbanos, cansados após mais de uma década de governo tutelado pelo exército.

RFI e AFP

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