Acessar o conteúdo principal
A Semana na Imprensa

"Brasil contra Brasil", escreve revista francesa L'Obs sobre a eleição presidencial

Publicado em:

“Acusações de pedofilia, pacto com o diabo, mobilização do campo evangélico e de torcedores de futebol”. A revista francesa L'Obs descreve “o ambiente elétrico” no Brasil, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais deste domingo (30), com uma pequena diferença de intenções de voto entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O Brasil decidirá nas urnas neste domingo (30) quem será o novo presidente, ao final de uma campanha intensa.
O Brasil decidirá nas urnas neste domingo (30) quem será o novo presidente, ao final de uma campanha intensa. AP - Eraldo Peres
Publicidade

A semanal acompanhou a participação do atual presidente em um debate no canal SBT, em que Lula esteve ausente, e Bolsonaro “exibia um ar confiante”, segundo o texto. Dias antes, o correspondente da revista francesa havia se encontrado com o candidato petista num evento com evangélicos, em um grande hotel de São Paulo. “Esse septuagenário (Lula fez 77 anos nesta quinta-feira, 27) exala energia e carisma incríveis”, aponta L"Obs. “Um rock star”.

A L' Obs descreve um ambiente de acusações mútuas: “Lula é acusado por seu adversário de ter firmado um pacto com o diabo e com o PCC (Primeiro Comando da Capital), o maior grupo criminoso no Brasil. Bolsonaro é suspeito de tendências pedófilas, após comentários ambíguos sobre meninas venezuelanas” e mesmo de canibal, “após a descoberta de uma velha entrevista em que ele dizia que ‘comeria um indígena sem problemas’”. Para a revista, apenas uma prova do quão quente e violenta está a campanha eleitoral brasileira.

De acordo com a reportagem, “a corrente de fake news é tamanha que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode agora ordenar às plataformas de mídia a retirar conteúdos sem a demanda específica de um procurador ou de um requerente”, e já começou a fazê-lo, destaca a L' Obs completando que Bolsonaro domina o ambiente digital no país.

A revista destaca, ainda, um aumento de programas sociais do governo no período anterior ao pleito.

“Eu pensava que ele era um idiota, mas não perigoso”

Ao entrevistar alguns eleitores indecisos, a L' Obs conta o caso de Monica Florencio Fernandes, estilista de moda. “Depois de 12 anos do PT no poder, eu disse a mim mesma, em 2018, que não poderia mais votar para um partido que nos roubava”, conta ela. Após ter votado em Bolsonaro na primeira eleição, hoje ela diz que não repetiria a dose. “Eu pensava que ele era um idiota, mas não perigoso”, afirma. “Mas agora que sei quem ele é, votarei para Lula”, completa a eleitora, citada pela L'Obs.

Ouvido pela revista francesa, o pesquisador de relações internacionais e editorialista da Folha de São Paulo, Mathias Alencastro, diz que um dos pontos fracos da campanha de Lula é justamente “a frágil coalisão que o apoia”. “Enquanto 100% das pessoas que votam por Bolsonaro acreditam no seu projeto, o consenso por trás do voto em Lula é bem mais frágil”, segundo o analista.

Porém, há casos de apoio incondicional a Lula, como o dos integrantes da torcida Gaviões da Fiel”, do Corinthians, time para o qual o ex-presidente torce. “A torcida não esquece seus integrantes que foram presos e torturados durante a ditadura militar”, escreve o texto.

Na reta final da campanha, os jovens brasileiros que sofreram com a pandemia ouvem dois discursos diferentes, de acordo com a reportagem. Aquele de Lula que diz: “vou lhes dar uma bolsa de estudos para a universidade e proteção social”, e o de Bolsonaro, que é: “se virem, ganhem a vida, o Estado não vai interferir, aproveitem a vida, pois ela é curta”, completa Mathias de Alencastro, citado pela L'Obs.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.