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União Europeia

Christine Lagarde anuncia mudança de estratégia no BCE e tem fala bem-recebida nos mercados

A nova presidente do Banco Central Europeu, a francesa Christine Lagarde, anunciou nesta quinta-feira (12) uma ampla revisão da estratégia de política monetária, pela primeira vez desde 2003 e depois de anos de medidas anticrise tão vigorosas quanto controversas.

Christine Lagarde, a nova presidente do Banco Central Europeu.
Christine Lagarde, a nova presidente do Banco Central Europeu. REUTERS/Ralph Orlowski
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Lagarde imprimiu seu estilo em sua primeira reunião à frente da instituição, prometendo uma revisão abrangente da estratégia no próximo ano. "De uma vez por todas, não sou nem pomba nem falcão", disse a francesa à imprensa, varrendo o clássico debate entre os partidários de um apoio ao crescimento e os defensores da ortodoxia monetária. "Minha ambição é ser uma coruja, que geralmente está associada a alguma sabedoria", acrescentou.

Advogada de profissão, primeira titular desse cargo sem formação de economista ou experiência em banco central, Christine Lagarde pretende imprimir "seu estilo" à comunicação da instituição, "provavelmente diferente" de seu antecessor Mario Draghi. Depois de confirmar o arsenal de medidas anunciadas pelo italiano em setembro, ela anunciou o lançamento em janeiro da revisão da estratégia do BCE.

"Até acho que é um pouco tarde, legitimamente, porque havia muitas outras coisas a fazer", observou. O mandato de oito anos de Draghi foi marcado por esforços para aumentar os preços, evitar a deflação e proteger o euro.

O ponto central da reorientação será redefinir o nível de inflação almejado pelo BCE, por enquanto "próximo, mas ligeiramente inferior a 2%", e considerado ideal para atividade e emprego. A fórmula pode ser de "cerca de 2%, de acordo com especialistas.

Desafio climático

O objetivo também é integrar à política monetária "o imenso desafio que a mudança climática representa para todos nós", por exemplo, concentrando as recompras de dívidas nos ativos "verdes". Este ponto promete gerar um debate amargo, porém, com o presidente do Bundesbank, o banco central alemão, abertamente contrário a essa medida.

Do lado metodológico, Christine Lagarde quer consultar parlamentares, pesquisadores e sociedade civil, "ouvir" e não apenas "pregar o evangelho que pensamos ter dominado" – o que a diferencia claramente do brilhante, mas solitário, Draghi.

Finalmente, enquanto o arsenal adotado em setembro por Draghi deixou o conselho de governadores da instituição profundamente dividido, a nova chefe do BCE diz querer "buscar opiniões antes de qualquer decisão". O sinal de abertura teria sido muito bem-recebido pelos presentes.

O tom "divertido" e consensual de Lagarde em sua primeira coletiva não permite, no entanto, prever como será a gestão da francesa, principalmente nos momentos difíceis que muitos analistas preveem para o sistema financeiro internacional.

A presidente do BCE desenhou uma perspectiva econômica contrastante: ao mesmo tempo em que reduziu para 1,1% as expectativas de crescimento para 2020 na zona do euro, ela acredita que a situação econômica vai se acelerar em 2021 e em 2022 (+1,4%). Lagarde prevê que a inflação cairá para 1,1% no próximo ano, após 1,2% este ano, antes de subir para 1,4% em 2021 e 1,6% em 2022, ainda longe dos objetivos.

Com informações da AFP

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