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Banco Central de Israel intervém contra desvalorização do shekel para limitar impacto econômico da guerra

Desde o dia 9 de outubro, o Banco Central israelense age para evitar uma maior desvalorização da moeda local. A operação é excepcional e visa financiar a mobilização de quase 300 mil reservistas, que vão deixar seus empregos temporariamente, e assegurar a estabilidade das trocas financeiras caso a guerra na Faixa de Gaza seja mais longa do que o esperado.

O shekel, a moeda israelense
O shekel, a moeda israelense © Yevgen Romanenko / Getty Images
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Dominique Baillard, da RFI

Desde janeiro, a polêmica reforma judiciária de Israel tem afastado os investidores e o shekel perdeu mais de 10% do valor em relação ao dólar, sem que houvesse qualquer intervenção do Banco Central. Mas, desde segunda-feira (10), após a ofensiva do Hamas no fim de semana, a moeda caiu a seu nível mais baixo em relação dólar, em oito anos.

Essa situação levou o Banco Central injetar cerca de US$ 30 bilhões para evitar uma maior desvalorização do shekel, além de disponibilizar US$ 15 bilhões para assegurar a liquidez das trocas financeiras.

Esses valores representam quase um quarto das reservas do país, que, no total, somam US$ 200 bilhões. Esse montante, em geral, é suficientemente alto para desmotivar os especuladores que se sentirem "tentados" a atacar o shekel, garantindo a estabilidade da economia.

O objetivo principal dessa manobra financeira é evitar o aumento da inflação e, se necessário, dar ao Estado israelense meios de financiar a guerra na Faixa de Gaza, caso o conflito se estenda por meses.

De acordo com o economista Jacques Bendelac, recorrer ao mercado externo tornou-se caro demais para Israel. A decisão do governo de emitir títulos através do Banco Central para financiar é guerra é, desta maneira, coerente do ponto de vista econômico, explica.

Custo da guerra é orçado em US$ 7 bilhões

De acordo com estimativas, o custo da guerra é avaliado em US$ 7 bilhões, segundo dados do banco israelense Hapoalim. O cálculo é baseado em guerras precedentes. Esse valor pode evoluir em função da duração do conflito. A maior despesa, desta vez, envolve a mobilização de 300 mil reservistas, que privam as empresas de uma grande parte de seus assalariados.

A guerra atual também tem um impacto no aumento do déficit público e na desaceleração do crescimento econômico, que já enfrenta os efeitos da desvalorização do shekel.

Paralelamente, nesta segunda-feira, o governo israelense ordenou a interrupção da plataforma de extração de gás perto de Gaza por razões de segurança, o que é considerado como um outro sinal negativo para o mercado financeiro. A empresa Chevron, que explora o local, pode ter que rever os investimentos no país se não houver garantias de paz na região a médio ou longo prazo. 

Financiamento das ações do Hamas

O cerco a Gaza, naturalmente, também prejudica a situação econômica do território palestino. Além dos cortes de água e eletricidade e os estragos provocados pelos bombardeios, o cerco priva de salários quase 20 mil palestinos que trabalham em Israel e também fazem girar a economia.

Os vistos de trabalho emitidos pelo governo israelense, aliás, eram uma aposta para preservar a paz. Esses trabalhadores são pagos em shekel, a moeda mais utilizada no território, à frente do dólar ou a libra egípcia.

Há cerca de 15 anos, o fluxo financeiro dos bancos palestinos também são limitados pelas autoridades israelenses, que temem o financiamento de ações do Hamas.

O cerco também terá um impacto imediato nas transferências do Catar: os US$ 30 milhões enviados todos os meses pela monarquia do Golfo para ajudar a administração na Faixa de Gaza serão transportados em malas que deverão, necessariamente, transitar pelo Estado judeu.

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