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Espanha/Crise

Sob pressão, Rajoy dá a entender que pedirá ajuda europeia para a Espanha

Um dia depois de uma manifestação marcada por incidentes violentos em Madri e em meio a um movimento por mais autonomia na Catalunha, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, deu a entender nesta quarta-feira que está prestes a pedir a ajuda da União Europeia para recuperar a economia de seu país.  

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy deu a entender que pedirá um ajuda dos fundos de resgate europeus.
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy deu a entender que pedirá um ajuda dos fundos de resgate europeus. REUTERS/Susana Vera
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O governo de Mariano Rajoy resistiu até agora à insistência de seus parceiros europeus, sobretudo franceses e italianos, para que peça uma plano de resgate do Estado espanhol. O líder conservador deve apresentar nesta quinta-feira seu projeto de orçamento para 2013, esperando convencer os outros países da zona do euro e os investidores que Madri faz todo o possível para reduzir seus déficits apesar de uma recessão prolongada e de um desemprego recorde.

Os indicadores divulgados nesta terça-feira indicam que a Espanha não vai conseguir reduzir seu déficit público a 6,3% do produto interno bruto (PIB) neste ano. Nesta quarta-feira o banco central espanhol anunciou uma previsão de redução do PIB de 0,4% no terceiro trimestre.

Ao apresentar desde já reformas dolorosas, Mariano Rajoy espera fazer com que sejam aceitas de maneira mais fácil por seus cidadãos do que se fossem impostas de fora no contexto de um plano de resgate, como na Grécia.

A agência de notação financeira Moody's deve publicar nesta sexta-feira as conclusões de sua revisão da nota soberana espanhola e pode colocar o país na categoria especulativa. No mesmo dia, uma auditoria independente do setor bancário espanhol deverá revelar o tamanho das necessidades de capitais de Madri para recapitalizar seus estabelecimentos de crédito com a ajuda de um plano de resgate de no máximo € 100 bilhões aprovado em junho pela zona do euro.

Foi nesse contexto que Mariano Rajoy fez referência a um pedido formal de ajuda em uma entrevista publicada nesta quarta-feira pelo Wall Street Journal. "Posso garantir a 100% que pedirei esse plano de resgate" se os juros da dívida não forem sustentáveis, disse o chefe do governo espanhol.

Ele acrescentou, no entanto, que ainda é cedo para dizer se seu país terá realmente necessidade da ajuda do Banco Central Europeu e dos fundos de socorro da zona do euro e que ainda deve verificar se as condições ligadas a essas ajudas são "razoáveis".

Rajoy também explicou que ainda não tomou uma decisão sobre um eventual congelamento das aposentadorias, cuja indexação à inflação pode custar € 6 bilhões ao Estado. "Devemos ser suficientemente flexíveis para não criar novos problemas", disse ele ao jornal americano.

Suas declarações contribuíram para fazer com que os juros dos títulos da dívida pública espanhola a 10 anos subissem novamente para mais de 6%, enquanto a diferença em relação aos títulos da dívida pública alemã chegava a 445 pontos de base, o mais alto nível desde o início do mês.A bolsa de Madri chegou a cair mais de 3% na tarde desta quarta-feira. 

Separação

A vontade do governo de Rajoy de frear as despesas de estados e municípios relançou as reivindicações independentistas da Catalunha, que representa sozinha 20% da atividade econômica do país. Artur Mas, o presidente conservador da região, anunciou nesta terça-feira a convocação de eleições antecipadas em novembro, depois que Madri rejeitou um pedido de maior autonomia.

A votação, que os políticos locais querem transformar na prática em um referendo sobre a independência, constitui um desafio para Mariano Rajoy.  O chefe do governo é membro do Partido Popular, que preconiza um maior controle pelo governo central dos orçamentos das regiões incapazes de atingirem seu objetivo de redução do déficit.

"No momento em que o Partido Popular poderia utilizar a crise para limitar a autonomia, Mas está lançando uma manobra defensiva para tentar inverter essa tendência", explica Enric Juliana, chefe da sucursal de Madri do jornal catalão La Vanguardia.

Na capital, os movimentos contrários à política de austeridade organizam novas manifestações na noite desta quarta-feira, um dia depois de uma passeata marcada por tiros de balas de borracha das forças de segurança contra milhares de pessoas que tentavam formar uma corrente humana ao redor do Parlamento. Pelo menos 64 pessoas ficaram feridas.

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