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G20/guerra comercial

G20: Guerra comercial preocupa a todos, mas não há indícios de fim

Reunião do G20 em Buenos Aires aponta tensão comercial a partir de riscos globais. Ameaças crescentes à economia global é o diagnóstico comum das vinte maiores economias do mundo. Enquanto países desenvolvidos veem saída através do diálogo, os emergentes veem a necessidade de reformas internas.

Foto de família dos ministros das Finanças e de presidentes de Bancos Centrais do G20, em Buenos Aires.
Foto de família dos ministros das Finanças e de presidentes de Bancos Centrais do G20, em Buenos Aires. REUTERS/Marcos Brindicci
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Correspondente da RFI em Buenos Aires

 

Em linha com a advertência do FMI sob um encolhimento da economia global a partir da guerra comercial, o relatório do G-20 financeiro que aconteceu neste final de semana na Argentina para o aumento dos riscos de desaceleração econômica. O texto cita "crescentes vulnerabilidades financeiras, maiores tensões comerciais e geopolíticas, desequilíbrios globais e desigualdade". A volatilidade nos mercados emergentes com o risco de saídas de capitais também é indicado como efeito colateral.

Essa terceira reunião de ministros das Finanças (Fazenda) e de presidentes de Bancos Centrais girou em torno da "guerra comercial" iniciada pelo presidente Donald Trump contra a União Europeia, por um lado, e contra a China, por outro. O protecionismo de Donald Trump aplica sobretaxas aos produtos europeus e chineses que, por sua vez, prometem revidar na mesma proporção, escalando a guerra.

"Em geral, há uma percepção de todos que isso não é bom para ninguém. Todos se disseram preocupados com o que está acontecendo e a resposta americana foi 'nós também'. O que estamos pedindo é que as partes que estão em desacordo conversem mais e que briguem menos", sintetizou o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda do Brasil, Marcello Estevão.

Desenvolvidos e Emergentes

Enquanto os países desenvolvidos são afetados diretamente pelas taxação de Trump, o comércio mundial corre o risco de encolher diante das restrições. E ao encolher o comércio, todos os países, inclusive os emergentes, são afetados.

Os emergentes são afetados ainda pela acelerada subida da taxa de juros norte-americana que provoca um movimento de retirada de fundos e instabilidade financeira, com desvalorizações nas moedas e aumento da inflação.

Essas ameaças foram discutidas no painel sobre a economia global e os seus riscos. Absolutamente todos os países se mostraram preocupados.

"Tudo isso nos preocupa porque achamos que, no médio e longo prazo, terá efeito no crescimento da economia mundial. Então, estão todos preocupados", admitiu o ministro brasileiro da Fazenda, Eduardo Guardia.

Os países do G-20 debateram ações individuais para gerarem seus próprios mecanismos de defesa. No caso do Brasil, por exemplo, o ministro Eduardo Guardia acredita que deve ser um programa de reformas.

"Temos que reforçar os fundamentos da economia brasileira para ficarmos menos vulneráveis a qualquer deterioração do cenário externo. É importante para todas as economias, ainda mais para as emergentes e, especificamente, para a brasileira. Há absoluta necessidade da continuidade do processo de reformas para atravessarmos períodos de maior volatilidade", apontou Guardia, em referência à reforma previdenciária, às questões tributárias, à redução dos juros e à abertura comercial.

"Se o cenário que surge daqui é mais adverso e desafiador, então vamos acelerar as nossas linhas de defesa. Essa é a resposta para um cenário que não controlamos", concluiu

Protecionismo x Livre comércio

Enquanto Donald Trump força uma visão protecionista, os demais países optam pelo oposto: o livre comércio. Até mesmo países fechados até há pouco tempo como a Argentina e o próprio Brasil buscam sair do confinamento comercial com negociações entre o Mercosul e Coreia do Sul, Canadá e União Europeia.

"O Brasil está numa trajetória de abertura comercial e de buscar acordos. A abertura das economias é importante para aumentar a produtividade. E mais produtividade leva a mais crescimento. Qualquer medida na contramão disso é motivo de preocupação de todos aqui. Eu diria que essa foi uma preocupação recorrente em todos", avaliou Guardia.

Pelo lado dos desenvolvidos, o ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, foi claro. "Chamamos os Estados Unidos à razão, a respeitar as regras multilaterais e a respeitar os seus aliados", pediu. "Norte-americanos e europeus são aliados. Não conseguimos entender por que nós europeus somos afetados pelo aumento de tarifas", criticou.

Os Estados Unidos tentaram seduzir a Europa e o Japão com acordos de livre comércio como forma de isolar a China, mas encontrou a resistência da França. A proposta de Donald Trump é que os aliados do G-7 eliminem barreiras comerciais entre si.

"Estamos prontos para assinar um acordo de livre comércio", convidou o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin. "Não vamos negociar com uma arma apontada à nossa cabeça", respondeu o francês Le Maire, em referência às tarifas impostas pelos Estados Unidos ao aço e ao alumínio, além da ameaça de sobretaxar os automóveis europeus.

 

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