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ONU/África

ONU abre investigação sobre abusos sexuais de soldados na RDC

A missão da ONU na República Democrática do Congo (Monusco) anunciou neste sábado (2) ter aberto uma investigação sobre eventuais crimes cometidos por capacetes azuis tanzanianos no leste do país. Eles são acusados de "má conduta" em conexão com "alegações de violações e exploração sexual".

Soldados franceses da missão Sangaris estariam envolvidos em denúncias de abuso sexual na República Centroafricana.
Soldados franceses da missão Sangaris estariam envolvidos em denúncias de abuso sexual na República Centroafricana. AFP PHOTO / MARCO LONGARI
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Em um comunicado datado de sexta-feira (1), mas divulgado neste sábado, a Monusco indica que as "alegações visam o contingente tanzaniano da brigada de intervenção das Nações Unidas na cidade de Mavivi, próxima de Beni", na província Norte-Kivu. A brigada é encarregada de combater diversos grupos armados presentes no leste da RDC há mais de 20 anos.

"Desde 23 de março, assim que foi informada, a missão imediatamente encaminhou ao local uma equipe de intervenção para verificar os fatos. Os resultados preliminares indicam que há evidências corroborando práticas de relações sexuais pagas e relações sexuais com menores", afirma o documento.

Pedidos de reconhecimento de paternidade também foram feitos, acrescenta o comunicado, sem revelar o número. "Se as acusações forem comprovadas, elas serão punidas", garante a Monusco.

Denúncias de abusos na República Centroafricana

Essas novas suspeitas de abuso sexual são reveladas no momento em que as Nações Unidas investigam acusações "extremamente perturbadoras" sobre violência sexual e zoofilia envolvendo capacetes azuis e soldados da missão francesa Sangaris na República Centroafricana.

Na sexta-feira, em Washington, onde participou da 4ª Cúpula de Segurança Nuclear, o presidente francês, François Hollande, prometeu "sanções exemplares" se forem confirmadas as acusações de "abusos sexuais ignóbeis". O chefe de Estado disse que a "honra da França" ficaria "comprometida".

"Não podemos e eu não posso aceitar que exista uma mancha sequer sobre a reputação de nossas Forças Armadas, ou seja, da França", disse Hollande. Ele deixou de tirar a "foto de família" ao lado de outros líderes mundiais presentes na Cúpula de Segurança Nuclear para fazer uma declaração improvisada sobre o assunto para a imprensa francesa.

Durante encontro com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, Hollande disse que os dois expressaram a vontade de ver o caso totalmente esclarecido e que a justiça seja feita, se as acusações forem verdadeiras. Ele prometeu "sanções exemplares porque não pode haver impunidade diante de tal ato".

A ONU propõe que os suspeitos de abusos sexuais sejam levados a tribunais marciais. Outra medida estudada tem caráter preventivo: a realização de testes de DNA antes do envio de soldados para missões a fim de facilitar eventuais testes de paternidade em caso de acusações.

Crimes eventualmente cometidos

De acordo com um porta-voz da ONU, 108 novas supostas vítimas de abusos sexuais cometidos desde 2013, a maioria menores de idade, foram identificadas e interrogadas por responsáveis das Nações Unidas.

Segundo dados recolhidos, soldados franceses da missão Sangaris teriam forçado meninas a ter relações sexuais com animais. A ONU AIDS-Free World relatou o caso de três meninas que teriam ficado nuas e, em seguida, amarradas por um soldado em uma base militar para manter relações sexuais com um cachorro.

Além dos soldados franceses da missão Sangaris, as acusações envolvem os contingentes do Burundi e do Gabão da Missão da ONU na República Centroafricana (Minusca) que atuam na região de Kémo, na região central. Mas os supostos abusos também podem ter sido cometidos em outras regiões do país.
 

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