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Golpe de Estado: União Africana suspende Níger, mas resiste sobre intervenção militar

A União Africana (UA) suspendeu a participação do Níger na organização, mas se mostrou resistente a uma possível intervenção militar por parte da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) e insistiu em uma solução diplomática para restaurar o governo do presidente Mohamed Bazoum, deposto no golpe de Estado de 26 de julho.

Um apoiador do Conselho Nacional de Segurança da Pátria (CNSP) do Níger segura um cartaz do novo governante militar do país, o general Abdourahamane Tiani, durante uma manifestação na Place de la Concertation, em Niamey, em 20 de agosto de 2023.
Um apoiador do Conselho Nacional de Segurança da Pátria (CNSP) do Níger segura um cartaz do novo governante militar do país, o general Abdourahamane Tiani, durante uma manifestação na Place de la Concertation, em Niamey, em 20 de agosto de 2023. © AFP - -
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O Conselho de Paz e Segurança da UA (CPS) decidiu "suspender imediatamente a participação da República do Níger em todas as atividades da UA e dos seus órgãos e instituições até a restauração efetiva da ordem constitucional no país", afirma um comunicado divulgado nesta terça-feira (22). A decisão acontece após uma reunião do conselho em 14 de agosto.

Neste texto, publicado uma semana após a reunião, o CPS simplesmente toma “nota da decisão da Cedeao”, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, “de implantar uma força” no Níger, uma opção sobre a qual a organização parece profundamente dividida.

O comunicado pede à Comissão da UA "uma avaliação das implicações econômicas, sociais e de segurança" de tal destacamento, ao mesmo tempo em que demonstra claramente sua preferência pela via diplomática.

O CPS afirma apoiar "os esforços da Cedeao no seu compromisso pela restauração da ordem constitucional no Níger por meios diplomáticos", e "convida a junta militar do Níger a cooperar com a organização regional da África Ocidental e a UA para uma restauração pacífica e rápida da ordem".

"Efeito sobre os cidadãos"

O texto apela também aos Estados-membros para que "implementem plenamente as sanções impostas pela Cedeao" contra o Níger, solicitando ao mesmo tempo uma "aplicação progressiva" e que seu "efeito desproporcional sobre os cidadãos do Níger" seja minimizado.

Após a derrubada pelos militares do presidente Bazoum, eleito em 2021, a Cedeao anunciou, em 10 de agosto, sua intenção de enviar uma força da África Ocidental “para restaurar a ordem constitucional no Níger”. Os detalhes da operação, incluindo a data, são desconhecidos.

A Cedeao reitera sua preferência por uma solução diplomática, mas ainda ameaça o uso da força, apesar de vozes dissidentes dentro da comunidade sobre este assunto.

Na sexta-feira (18), após uma reunião dos chefes de Estado-Maior da África Ocidental em Acra, capital de Gana, o comissário da organização para os Assuntos Políticos, de Paz e Segurança, Abdel-Fatau Musah, declarou que "o dia da intervenção" havia sido definido, assim como "os objetivos estratégicos, o equipamento necessário e o empenho dos Estados-Membros".

"Se uma agressão for empreendida contra nós, não será o ‘passeio no parque’ em que algumas pessoas acreditam", reagiu no sábado (19) o novo homem forte do Níger, o general Abdourahamane Tiani, pouco depois de anunciar uma transição de até três anos, antes do retorno do poder aos civis.

"Uma brincadeira"

A Cedeao rejeitou firmemente esse calendário, anunciado enquanto uma delegação da África Ocidental estava em Niamey para procurar uma solução pacífica para a crise. "Um período de transição de três anos é uma brincadeira. A Cedeao nunca o aceitará", respondeu Abdel-Fatau Musah. "Queremos que a ordem constitucional seja restaurada o mais rapidamente possível."

Entre os principais parceiros internacionais do Níger, a França demonstrou seu total apoio à Cedeao, enquanto os Estados Unidos apelaram a uma resolução pacífica para a crise. Cerca de 1,5 mil soldados franceses e 1,1 mil soldados americanos estão destacados no Níger, como parte da luta anti-jihadista no Sahel.

Por fim, o CPS afirma rejeitar “firmemente qualquer interferência externa”, (...) “incluindo as atividades de empresas militares privadas”, em uma provável alusão ao grupo paramilitar Wagner, ligado ao Kremlin, que opera em particular no Mali.

O Níger se tornou o quarto país da África Ocidental a sofrer um golpe desde 2020, depois de Burkina Faso, Guiné e Mali.

Desde a derrubada do regime do presidente Bazoum, a comunidade internacional teme a instabilidade na região do Sahel, que enfrenta crescentes insurgências de grupos jihadistas ligados a Al-Qaeda e ao grupo Estado Islâmico.

(Com informações da AFP)

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